Banco Mundial emprestará R$ 2,2 bi ao Amazonas para conter desmatamento
Para isso, o Bird debate com o governo estadual uma meta considerada ambiciosa, isto é, a redução de 16% da taxa anual de desmatamento até 2022

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 28/10/2021 às 18:29 | Atualizado em: 01/11/2021 às 07:51
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), está prestes a assinar um acordo com o Banco Mundial (Bird) por meio do qual receberá duas parcelas de US$ 200 milhões, o equivalente ao câmbio atual a R$ 2,2 bilhões, para conter o desmatamento no Estado.
Para isso, o Bird debate com o governo estadual uma meta considerada ambiciosa, isto é, a redução de 16% da taxa anual de desmatamento até 2022.
Segundo o líder do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial no Brasil, Renato Nardello, a assinatura do primeiro de dois empréstimos ao Amazonas deve acontecer já em novembro.
Em entrevista exclusiva ao ((o))eco, site especializado em notícias ambientais, ele disse que Mato Grosso e Amazonas são os primeiros estados da Amazônia Legal a receber uma nova modalidade de empréstimos do Banco Mundial, cuja meta é aliar sustentabilidade fiscal e ambiental.
“O Banco Mundial acha que os estados têm uma responsabilidade grande no controle do desmatamento, mas sua capacidade [de combatê-lo] é bastante fraca”, observou Nardello.
O Bird considera a situação do Amazonas um grande desafio, um dos estados onde o desmatamento mais cresce: as derrubadas são puxadas pelo avanço da pecuária nos municípios ao sul, como Lábrea e Boca do Acre.
Não à toa, essa é a região onde serão aplicadas ações piloto de regularização fundiária. “Tivemos que redefinir a meta de redução de desmatamento, impondo um objetivo bem mais ambicioso do que o pensado originalmente”, revelou o executivo.
De acordo com o site, a assessoria de imprensa do Bird informa que a nova meta de preservação da floresta ainda não foi pactuada com o governador Wilson Lima.
Renovação de plano
O executivo destaca que assim como no Mato Grosso, Wilson Lima renovou o Plano Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Amazonas, vencido há seis anos.
Além disso, o Estado se comprometeu a aumentar o ritmo da regularização fundiária, já que das 85 mil inscrições no Cadastros Ambientais Rurais (CAR) solicitadas, apenas 11 mil haviam sido plenamente validadas até novembro de 2020.
O dado consta no documento do Bird com as diretrizes do empréstimo, embora segundo o sistema federal Sicar, o total de imóveis no Amazonas seja de 66 mil.
Os dois estados não são obrigados a cumprir as metas, mas no caso do Amazonas o executivo alerta: “Se o banco constatar que o estado não está fazendo a sua parte ele vai dizer ‘olha, a segunda etapa não vamos fazer porque você não está trabalhando no que tínhamos acordado’. Essa é uma possibilidade.”
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Foto: Agência Brasil