Toma posse na manhã desta terça-feira, 1º de feveriro, a partir das 9h, em Brasília, o novo presidente do Conselho Federal da OAB, o advogado amazonense José Alberto Simonetti.
Por causa da pandemia, o evento é fechado e será transmitido pela internet. A transmissão ao vivo da posse será feita no Youtube da OAB
A eleição ocorreu na noite desta segunda-feira, 31 de janeiro, quando recebeu 77 votos a favor, 2 brancos e 1 nulo
A gestão de Alberto Simontti começa em 1º de fevereiro de 2022 e termina em 31 de janeiro de 2025.
Na noite em que foi aclamado pelos advogados do Brasil, como novo presidente da OAB Nacional, Alberto Simonetti falou com o BNC Amazonas em Brasília com exclusividade.
Discorreu sobre suas primeiras medidas e ações à frente da Ordem e como vai se posicionar com relação às demais instituições – Executivo, Legislativo e Judiciário.
Beto Simonetti, como home da Amazônia, citou as questões relacionadas à região, como a situação dos povos indígenas e suas terras, garimpo ilegal, desmatamento, biopirataria entre outros temas.
Por fim, o novo presidente do Conselho Federal da OAB disse qual será o legado dele na gestão dos próxmos três anos.
A seguir, leia a entrevista com José Alberto Simonetti.
BNC – O que o senhor manterá das ações e políticas do ex-presidente, Felipe Santa Cruz?
Beto Simonetti: Tenho orgulho de ter feito parte da gestão do presidente Felipe Santa Cruz, como diretor nacional da OAB, exercendo a função de secretário-geral do Conselho Federal da OAB. Nessa gestão, pudemos avançar muito em questões fundamentais para a advocacia, como a aprovação da lei que criminaliza a violação das prerrogativas da profissão e a adoção da paridade de gênero na Ordem. Houve a pandemia, que atrapalhou diverso planos, mas a OAB soube lidar com esse desafio.
BNC – E o que mudará com sua “nova cara” e postura no comando da OAB?
Beto Simonetti: Na próxima gestão, manteremos a atuação em defesa do Estado de Direito, das liberdades e das garantias individuais. E daremos um grande foco nas necessidades do dia a dia das advogadas e dos advogados brasileiros. Com as sucessivas crises econômicas e também por causa da pandemia, temos muitos colegas vivendo dificuldades financeiras. A OAB precisa ampará-los e contribuir para que possam ter dignidade para desempenhar a profissão. Vamos disponibilizar escritórios compartilhados, em todo o país, para que os colegas tenham, ao menos, um local de trabalho, uma sala para receber os clientes, computador e internet. É o mínimo, com conforto e tecnologia para assegurar o exercício da profissão.
Beto Simonetti: Eu não tenho nenhum projeto de ser candidato a nada. A Ordem deverá se manter fiel aos princípios de defesa da Constituição, o que implica defender a separação entre os Poderes, o sistema eleitoral em vigor, as garantias individuais, a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão. Sempre defenderemos esses valores. A OAB manterá sua tradição de não ser base nem oposição a governos e partidos. Queremos dialogar com todos os Poderes, todos os atores políticos.
BNC – Sendo um presidente da Amazônia, como as questões relacionadas à região vão ter presença, voz e destaque na sua gestão? – índios e suas terras, garimpo ilegal, desmatamento, biopirataria entre outras questões amazônicas?
Beto Simonetti: Essas são todas questões relevantes e espero poder levá-las ao debate nacional. A floresta Amazônica é um patrimônio e, em diversas regiões, passa por um processo de degradação lamentável. Temos ainda as comunidades tradicionais ribeirinhas, indígenas, as fronteiras com os países vizinhos. Nossa região é um grande “caldeirão cultural”, muito rico. A busca pelas soluções passa por valorizar essas particularidades, mas, muitas vezes, a Região Norte fica à margem do debate nacional. Espero contribuir para mudar isso. Por outro, precisamos encontrar de soluções para outros problemas. É o caso, por exemplo, do modelo da Zona Franca, hoje suportado apenas pelo polo industrial. Sozinho, talvez esse modelo já não dê conta de tratar do desenvolvimento regional.
BNC – O que esperar do legado dessa nossa gestão da OAB nos próximos anos?
Beto Simonetti: Meu sonho seria entregar a gestão com o sentimento de resgate da dignidade dos advogados e das advogadas. É triste, hoje, saber que muitos abandonam a profissão porque ela já não provê os recursos necessários ao sustento. Um objetivo é ajudar a frear as deserções.
Leia mais
Foto: Gabriel Soares Retondano