Relatora diz que CPI tem ‘fortes condições’ para indiciar Bolsonaro

Com planos de quebras de sigilo e investigações em andamento, a comissĂ£o busca evidĂªncias de atividades ilĂ­citas.

Publicado em: 17/08/2023 Ă s 16:46 | Atualizado em: 17/08/2023 Ă s 16:46

ApĂ³s um depoimento duro de Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, a senadora Eliziane Gama, relatora da ComissĂ£o Parlamentar Mista de InquĂ©rito (CPMI) do 8 de Janeiro, declarou que existem fundamentos sĂ³lidos para propor o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

As alegações de Delgatti apontam Bolsonaro como suposto mandante de atos ilĂ­citos, enquanto a CPMI busca evidĂªncias por meio da quebra de sigilo e documentos, e aprofunda as investigações sobre possĂ­veis planejamentos de atos golpistas.

Durante seu depoimento, Delgatti fez diversas acusações contra Bolsonaro, sugerindo que o ex-presidente teria sido o mentor de vĂ¡rias atividades ilĂ­citas.

A senadora Eliziane explicou que a comissĂ£o planeja requerer quebras de sigilo e acesso a documentos junto a Ă³rgĂ£os de fiscalizaĂ§Ă£o, incluindo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com o objetivo de buscar evidĂªncias que possam comprovar a suposta participaĂ§Ă£o de Bolsonaro na elaboraĂ§Ă£o de atos considerados golpistas.

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Eliziane destacou: “Hoje, os elementos apresentados a esta comissĂ£o nos dĂ£o fortes condições de, ao final, termos o indiciamento do ex-presidente Bolsonaro. NĂ³s precisamos conciliar isso com as quebras que estamos defendendo que ocorram. Entre elas, a quebra de sigilo de relatĂ³rios do Coaf e tambĂ©m as quebras telemĂ¡ticas”.

A expectativa Ă© que a CPMI agende uma sessĂ£o deliberativa na prĂ³xima semana para votar os pedidos de quebra de sigilo. A data serĂ¡ definida em conjunto com o presidente da comissĂ£o, Arthur Maia (UniĂ£o-BA). Eliziane ressaltou que este Ă© um dia marcante nos trabalhos da CPMI e que novos desdobramentos sĂ£o esperados com a apresentaĂ§Ă£o de requerimentos adicionais.

Pedido de Bolsonaro

Durante seu depoimento Ă  CPMI, Delgatti afirmou que Bolsonaro solicitou a ele que criasse um “cĂ³digo-fonte fake” para simular falhas em uma urna eletrĂ´nica durante um evento ocorrido em 7 de setembro do ano anterior.

O hacker também alegou que Bolsonaro ofereceu um indulto caso ele fosse incriminado pelo crime, e mencionou um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que estaria em posse do governo. Bolsonaro teria solicitado que Delgatti assumisse a autoria desse grampo.

Essa oitiva na CPMI ocorreu um dia apĂ³s o depoimento de Delgatti Ă  PolĂ­cia Federal (PF), na qual ele Ă© investigado pela suposta inserĂ§Ă£o de informações falsas sobre o ministro Alexandre de Moraes no Banco Nacional de Mandados de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

As investigações sugerem que Delgatti teria sido contratado pela deputada federal Zambelli, associada ao ex-presidente, para realizar ações com o objetivo de beneficiar Bolsonaro nas eleições de 2022.

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Foto: Jefferson Rudy/AgĂªncia Senado