Após um depoimento duro de Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, a senadora Eliziane Gama, relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, declarou que existem fundamentos sólidos para propor o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As alegações de Delgatti apontam Bolsonaro como suposto mandante de atos ilícitos, enquanto a CPMI busca evidências por meio da quebra de sigilo e documentos, e aprofunda as investigações sobre possíveis planejamentos de atos golpistas.
Durante seu depoimento, Delgatti fez diversas acusações contra Bolsonaro, sugerindo que o ex-presidente teria sido o mentor de várias atividades ilícitas.
A senadora Eliziane explicou que a comissão planeja requerer quebras de sigilo e acesso a documentos junto a órgãos de fiscalização, incluindo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com o objetivo de buscar evidências que possam comprovar a suposta participação de Bolsonaro na elaboração de atos considerados golpistas.
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Eliziane destacou: “Hoje, os elementos apresentados a esta comissão nos dão fortes condições de, ao final, termos o indiciamento do ex-presidente Bolsonaro. Nós precisamos conciliar isso com as quebras que estamos defendendo que ocorram. Entre elas, a quebra de sigilo de relatórios do Coaf e também as quebras telemáticas”.
A expectativa é que a CPMI agende uma sessão deliberativa na próxima semana para votar os pedidos de quebra de sigilo. A data será definida em conjunto com o presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA). Eliziane ressaltou que este é um dia marcante nos trabalhos da CPMI e que novos desdobramentos são esperados com a apresentação de requerimentos adicionais.
Pedido de Bolsonaro
Durante seu depoimento à CPMI, Delgatti afirmou que Bolsonaro solicitou a ele que criasse um “código-fonte fake” para simular falhas em uma urna eletrônica durante um evento ocorrido em 7 de setembro do ano anterior.
O hacker também alegou que Bolsonaro ofereceu um indulto caso ele fosse incriminado pelo crime, e mencionou um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que estaria em posse do governo. Bolsonaro teria solicitado que Delgatti assumisse a autoria desse grampo.
Essa oitiva na CPMI ocorreu um dia após o depoimento de Delgatti à Polícia Federal (PF), na qual ele é investigado pela suposta inserção de informações falsas sobre o ministro Alexandre de Moraes no Banco Nacional de Mandados de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
As investigações sugerem que Delgatti teria sido contratado pela deputada federal Zambelli, associada ao ex-presidente, para realizar ações com o objetivo de beneficiar Bolsonaro nas eleições de 2022.
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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado