Bolsonaro, tá de brincadeira com a ZFM, né?

Editorial BNC Amazonas | Bolsonaro mostrou que realmente tá de brincadeira com o futuro da ZFM

Bolsonaro Edital Gargalhada

Neuton Correa

Publicado em: 07/02/2020 às 13:01 | Atualizado em: 07/02/2020 às 13:01

Não dá para levar a sério a mensagem que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), mandou ao povo do Amazonas por meio de seu afilhado Alfredo Menezes Júnior (sem partido), de que vai resolver o problema criado por ele acerca da redução dos incentivos fiscais à produção da indústria de refrigerantes do polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM).

Bolsonaro mandou dizer que está decidido: a alíquota do crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do polo de concentrados a partir do dia 1º de junho, até o dia 30 de novembro, será de 8%.

Ou seja, numa instabilidade tributária e consequentemente jurídica, o presidente dividiu o ano em duas partes desiguais: cinco meses reduzindo o incentivo à geração de emprego, renda e receita na região e sete meses aumentando a pressão para que marcas como Coca-Cola e Ambev deixem Manaus.

Presidente, aqui somos índios, e agora seres humanos, mas entendemos claramente o que o senhor quis dizer com essa decisão, se é que terá coragem de pregar essa peça ao povo do Amazonas.

 

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Sua postura é clara.

É de se prostrar à vontade de seu ministro e chefe, Paulo Guedes, que já disse que a ZFM é cara ao país, agiu contra o modelo nos bastidores do julgamento do STF em processo que poderia liquidar o projeto, não fosse a compreensão da maioria dos integrantes da corte.

Bolsonaro, seja Bolsonaro. Não tente enganar o povo dessa parte da Amazônia com um paliativo a veneno que o senhor já deu e continua dando à ZFM.

Cinco meses de IPI de 8% mostra sua má vontade não apenas com os nativos da região, mas também com os povos de outros continentes que aqui se estabeleceram nos últimos séculos e mais, aceleradamente, com a implantação da ZFM, que ajudou a proteger essa porção verde da floresta tropical.

Sua brincadeira apenas desestimula o investidor e espanta que um dia pensou em aqui se estabelecer.

 

Foto: BNC Amazonas