por Iram Alfaia , de Brasília
Sob pressão por conta da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 da reforma da Previdência, o governo federal decidiu abrir espaço na máquina pública para os seus aliados em todos os estados.
Para evitar a imagem do “toma lá, dá cá”, o governo editou na segunda-feira, dia 18, decreto estabelecendo critérios mínimos para o preenchimento dos cargos.
O mapeamento deles começou a ser feito em fevereiro por meio de uma força-tarefa da Casa Civil.
Naquele mesmo mês, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já teria apresentado a líderes a minuta do decreto profissionalizando o apadrinhamento.
Para saber como essa estratégia será operada no Amazonas, o BNC procurou os dois parlamentares da bancada mais próximos do governo Bolsonaro: Capitão Alberto Neto (PRB) e Delegado Pablo (PSL).
O Delegado Pablo foi o único a admitir que isso venha a ocorrer no Amazonas, mas negou ter conhecimento sobre os cargos de livre nomeação que possam ser preenchidos por aliados políticos.
“O governo prima pelo perfil técnico. Agora não é impossível essa composição, respeitando os critérios não significa que seja uma toma lá, dá cá”, defendeu o deputado.
Questionado se pleitearia algum cargo, Delegado Pablo disse que sua posição não é por cargo, mas por realizações do governo no Estado.
Ele citou como exemplo a BR-319 e vacinação contra gripe H1N1, uma articulação que teria sido feita por ele junto ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Sobre a reforma da Previdência, o deputado acabou desmentindo uma pesquisa feita pelo Valor Econômico na qual ele seria o único parlamentar do Amazonas 100% a favor da proposta.
“Eu não concordo com os 35 anos de contribuição e 65 anos para o policial. Temos problemas com algumas categorias, a exemplo dos professores”, afirmou Pablo.
Já o Capitão Alberto Neto (PRB) rechaçou a possibilidade de trocar voto na reforma da Previdência por cargo. “Se houver isso não aceito. Voto por convicção e respeito aos eleitores amazonenses”, disse ele.
Assim como seu colega governistas, Alberto Neto diz que a proposta é prejudicial para categoria dos policiais e de professores.
“Apoiei Bolsonaro e quero ajudá-lo”, diz o deputado, mas alega não ver a reforma da Previdência como prioridade. “Primeiro tinha que vir a reforma tributária, para depois da tributação enxuta, podermos conversar sobre a previdência”, defendeu.
Foto: Alan Santos/Presidência da República