Bolsonaro cede a Guedes e permite reduĂ§Ă£o do IPI de bebidas na ZFM

Coca-Cola e Ambev podem deixar suas bases do Polo Industrial de Manaus

Governo servidores teletrabalho

Publicado em: 08/01/2020 Ă s 12:01 | Atualizado em: 08/01/2020 Ă s 16:40

Por Neuton CorrĂªa, da RedaĂ§Ă£o

 

A AssociaĂ§Ă£o Brasileira das IndĂºstrias de Refrigerantes e de Bebidas NĂ£o AlcoĂ³licas (Abir) lamentou, por meio de nota no jornal Valor EconĂ´mico, a decisĂ£o do governo do presidente Jair Bolsonaro de manter a reduĂ§Ă£o da alĂ­quota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor.

Coca-Cola e Ambev sĂ£o filiadas da entidade.

AtĂ© o dia 31 de janeiro a margem de tributaĂ§Ă£o era de 10%, conforme acordo firmado com o governo, o setor e a bancada do Amazonas, durante a tramitaĂ§Ă£o da reforma da PrevidĂªncia.

A reduĂ§Ă£o na alĂ­quota começou no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), que cortou de 20% para 4%, fazendo um escalonamento decrescente antes de atingir esse valor, contra o qual a Abir se manifestou e conseguiu segurar a 10% atĂ© o fim do ano passado.

O jornal Valor EconĂ´mico desta quarta-feira, dia 8, informou que Bolsonaro deixou o ato caducar, permitindo a Ăºltima reduĂ§Ă£o, convencido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que no ano passado recebeu o tĂ­tulo de persona non grata da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).

O tĂ­tulo foi dado por conta dos constantes ataques que ele fez no primeiro semestre de 2019 contra a Zona Franca de Manaus.

Caso o governo nĂ£o reveja essa situaĂ§Ă£o, hĂ¡ grande possibilidade de grandes fabricantes deixarem o Polo Industrial de Manaus, onde estĂ£o instaladas, por exemplo, a Coca-Cola e a Ambev, gigantes do setor, o que seria um golpe contra o setor que mais exporta e mais interioriza postos de trabalho no Amazonas, jĂ¡ que possuem atividades em Presidente Figueiredo e MauĂ©s.

 

Leia a nota da Abir

A AssociaĂ§Ă£o Brasileira das IndĂºstrias de Refrigerantes e de Bebidas NĂ£o AlcoĂ³licas (ABIR) e suas 67 associadas – pequenas, mĂ©dias e grandes fabricantes – lamentam profundamente a decisĂ£o do Governo de manter a reduĂ§Ă£o da alĂ­quota do IPI de concentrados de refrigerantes produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM). A decisĂ£o compromete um modelo de desenvolvimento de toda uma cadeia econĂ´mica sustentĂ¡vel na AmazĂ´nia, existente hĂ¡ mais de 50 anos, reconhecido nacional e internacionalmente.

HĂ¡ alguns anos o setor de bebidas nĂ£o alcoĂ³licas tem sofrido com mudanças abruptas em regras prĂ©-estabelecidas e, mesmo em meio a crises, continuou investindo no paĂ­s, gerando empregos, aquecendo a economia regional e nacional. Tornou-se responsĂ¡vel pelo recolhimento de R$ 10 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais e emprega direta e indiretamente mais de 1,6 milhĂ£o de brasileiros. Esses empregos estĂ£o relacionados Ă s atividades das indĂºstrias de concentrados e preparados lĂ­quidos para bebidas nĂ£o alcoĂ³licas instaladas na Zona Franca de Manaus, que abastecem, a partir do concentrado, toda uma cadeia de fornecedores, chegando Ă s demais fĂ¡bricas e mercados do paĂ­s.

Dos setores instalados na ZFM, a indĂºstria de concentrados Ă© a Ăºnica que, por determinaĂ§Ă£o legal, precisa elaborar seus produtos com matĂ©ria-prima produzida na regiĂ£o. Com isso, as fabricantes de concentrados de refrigerantes instaladas na ZFM se tornaram parte importante do desenvolvimento socioeconĂ´mico da regiĂ£o, com uma infinidade de projetos sociais, culturais e ambientais. Na esteira do desenvolvimento do setor, tambĂ©m se instalaram na ZFM fĂ¡bricas de embalagens e usinas de aĂ§Ăºcar, gerando mais empregos.

CaberĂ¡ agora a cada empresa reavaliar seu plano de negĂ³cios, seu planejamento de investimentos, e decidir a viabilidade da permanĂªncia na ZFM. Em um momento urgente, no qual o Brasil precisa de credibilidade para atrair investidores, a sinalizaĂ§Ă£o Ă© a da insegurança jurĂ­dica. A decisĂ£o do Governo nĂ£o prejudica apenas a AmazĂ´nia, mas sim todo o paĂ­s.

 

Foto: Carolina Antunes/PR

 

*Matéria atualizada às 14h53