A coluna Painel, da Folha de S.Paulo, revelou hoje (12) o propósito da visita do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao Amazonas nesta segunda (11). Conforme documento que o ministério enviou à Prefeitura de Manaus, o ministro do governo Bolsonaro pressiona pelo uso da cloroquina contra o coronavírus (covid-19).
Chega a considerar “inadmissível” a rede de saúde de Manaus não usar o remédio, mesmo sem nenhuma comprovação científica de eficácia contra a doença.
“Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da situação de saúde em Manaus a não adoção da referida orientação”, continua o ofício.
Prova dessa pressão, segundo a Folha, foi Pazuello percorrer a rede de UBS (unidades básicas) da capital para encorajar o uso da cloroquina, associada com ivermectina.
Na visão do ministro, bastante criticado no país por anunciar que a vacinação vai acontecer “no dia D, na hora H”, o uso da cloroquina seria para diminuir as internações e mortes.
Essa cloroquina é a mesma que, em junho do ano passado, o governo brasileiro recebeu 2 milhões de doses como doação dos Estados Unidos . Além de Bolsonaro, poucos se arriscaram a tomar o medicamento usado para curar malária. Como resultado, a carga mandada por Donald Trump está até hoje encalhada no Planalto.
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Secretária precursora
Quem assina o documento à Prefeitura de Manaus é Mayra Pinheiro, secretária de Pazuello. Ela foi enviada ao Amazonas antes da visita do chefe , na semana passada, e já adiantava essa intenção do governo Bolsonaro de “lavar” o estoque de cloroquina.
No ano passado, Mayra já criou problemas com outros estados quando acusou governadores e prefeitos de causarem mortes ao dificultar acesso a medicações indicadas pelo ministério.
Ouvida pela Folha, a Secretaria de Saúde de Manaus afirmou que só distribuirá medicamentos cuja eficácia tenha sido comprovada cientificamente.
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Foto: Dhyeizo Lemos/Semcom