O presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje a apoiadores que considera ‘ter um exército que se aproxima de 200 milhões de pessoas’.
A declaração ocorreu em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, onde o governante participou de um evento evangélico.
Durante o discurso, o chefe do Executivo federal não fez qualquer menção à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, investigado por indícios de tráfico de influência e corrupção na pasta.
Em tom golpista, mas sem esclarecer o seu raciocínio com detalhes, Bolsonaro voltou a dizer que ‘tomará decisões’ que, segundo ele, ‘precisam ser tomadas’.
De acordo com o seu entendimento, adversários jogam ‘fora das quatro linhas da Constituição’ e, ‘cada vez mais’, ‘parece que será preciso’ [em referência a potenciais medidas].
“Sempre tenho falado das quatro linhas da Constituição. Tenho certeza que, se preciso for, e cada vez mais parece que será preciso, nós tomaremos as decisões que devam ser tomadas [sic]. Porque cada vez mais eu tenho um exército que se aproxima dos 200 milhões de pessoas nos quatro cantos desse Brasil”, declarou.
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“Não podemos esperar chegar 2023 ou 2024 e olhar para trás, nós aqui, e perguntarmos a nós mesmos: o que não fizemos para que chegássemos a essa situação difícil de hoje em dia? Nós somos a maioria. A democracia é vocês [sic]. Você tem que dar o norte para todos nós.”
Pesquisa
A pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada na quinta-feira (23), mostra que Bolsonaro tem 28% das intenções de voto e, se o cenário for confirmado nas urnas, perderia já no primeiro turno para o ex-presidente Lula da Silva (PT), com 47%.
No caso dos votos válidos, o petista tem 53% (mais do que a soma de todos os outros concorrentes), e Bolsonaro surge com 32%.
Em relação à pesquisa anterior, Lula oscilou para baixo dentro da margem de erro (de 48% para 47%). Já o pré-candidato à reeleição oscilou positivamente dentro da margem de erro em relação à última amostra, de 26 de maio deste ano (de 27% para 28%).
O terceiro lugar é de Ciro Gomes (PDT), que passou de 7% para 8% no estudo mais recente.
Em solo catarinense, Bolsonaro disse ainda que ‘sabemos o que nos espera’ e que pede a Deus ‘que demovam essas pessoas dos seus objetivos’. Tais objetivos, segundo ele, ‘não seriam os mesmos dos mais de 200 milhões de brasileiros’.
Campanha
Em ritmo de pré-campanha desde o ano passado, Bolsonaro tem aumentado a frequência dos ataques ao principal adversário, Lula, e ao PT.
Em suas declarações, o presidente tenta criar a ideia de que a eleição será “do bem contra o mal”.
Atrás nas pesquisas, o pré-candidato à reeleição aposta as suas fichas no engajamento da base militante para garantir a ida ao segundo turno e, frente à polarização, reconfigurar possíveis cenários.
Hoje, o chefe do Executivo federal praticamente classificou o embate nas urnas em outubro como uma “questão espiritual”.
“É uma luta do bem contra o mal. A minha chegada a Brasília tirou da zona de conforto quem queria o mal do nosso país. Eles se uniram, solapam a democracia, nos acusam do que eles verdadeiramente são. Se julgam os donos da verdade, acham que podem tudo. Até mesmo nos escravizar. Sempre digo: para mim, é muito mais fácil estar do outro lado. Mas não podemos nos esquecer de uma coisa: todos aqui, sem exceção, teremos um ponto final um dia.”
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Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República