Bolsonaro e militares atacam Cid, mas não mudam rumo no STF
Defesas repetem ataques ao delator e negam complô, mas julgamento segue para condenação.

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 14/08/2025 às 11:30 | Atualizado em: 14/08/2025 às 11:30
O núcleo central da tentativa de golpe de Estado, formado por Bolsonaro e seus principais auxiliares militares e civis, apresentou nesta quarta-feira (13 de agosto) as alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF).
As defesas adotaram como principal linha a tentativa de desvalorizar a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e peça-chave nas investigações.
O esforço, no entanto, não trouxe novidades capazes de alterar o provável rumo de condenação quando o caso for a julgamento em setembro.
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O que alegaram
Bolsonaro
A defesa do ex-presidente alegou ausência de provas concretas, negou qualquer participação em plano golpista e disse que as críticas às urnas eletrônicas eram “opiniões políticas”.
Bolsonaro também destacou que teria contribuído para a transição de governo e classificou a colaboração premiada de Mauro Cid como fruto de “pressão” e sem credibilidade.
Walter Braga Netto
O general negou envolvimento no chamado plano “Punhal Verde e Amarelo” e rejeitou ter repassado recursos a Mauro Cid.
Questionou a confiabilidade do delator, pediu aplicação do princípio da presunção de inocência e sugeriu que o julgamento fosse levado ao plenário do STF, e não à primeira turma.
Anderson Torres
Ex-ministro da Justiça, argumentou que a “minuta de golpe” encontrada em sua residência não passou de cogitação sem valor jurídico.
Afirmou que estava de férias em 8 de janeiro de 2023 e que não praticou omissão dolosa, atribuindo a falha a mero “esquecimento material”.
Augusto Heleno
O general sustentou que sua participação teria sido periférica e sem relevância causal.
Procurou relativizar falas em que defendeu “dar soco na mesa”, atribuindo-as a um contexto político e emocional.
Alexandre Ramagem
O ex-diretor da Abin contestou a acusação de monitoramento ilegal de ministros do Supremo e afirmou que as informações foram mal interpretadas.
Disse ainda que suas críticas ao sistema eleitoral eram apenas repetições de posições já públicas e alegou ter defendido uma mensagem de pacificação ao presidente eleito.
Paulo Sérgio Nogueira
O ex-ministro da Defesa sustentou que atuou de forma contrária a qualquer ruptura democrática.
Alegou que aconselhou Bolsonaro a aceitar o resultado das eleições e pediu absolvição por falta de provas que comprovassem seu envolvimento.
Linha defensiva comum
Em todos os casos, a estratégia girou em torno de descredibilizar Mauro Cid, tratado como “testemunha frágil”, sem documentos ou elementos robustos que pudessem sustentar suas revelações.
Apesar disso, os argumentos repetem linhas já apresentadas em fases anteriores do processo e não oferecem fatos novos capazes de mudar o cenário.
Com a fase das alegações finais concluída, o relator, ministro Alexandre de Moraes, deve preparar seu relatório e voto.
O caso será julgado pela primeira turma do STF, possivelmente já em setembro, com tendência de condenação para Bolsonaro e aliados, segundo a avaliação de juristas e analistas políticos.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República