O senador Omar Aziz e o deputado federal Marcelo Ramos, ambos do PSD, criticaram duramente o presidente Jair Bolsonaro (PL) por colocar em dúvidas o sistema eleitoral brasileiro. Trata-se do novo ataque às urnas eletrônicas, feito durante reunião com embaixadores na residência oficial do Palácio do Alvorada nesta segunda-feira (18).
Sem provas, Bolsonaro acusou a existência de fraudes nas urnas. Sem nenhuma prova, ele apenas fez referência às eleições de 2018, na qual foi eleito com 55,13% dos votos.
O presidente alegou que o ataque de um suposto hacker teria influenciado no resultado das eleições
“Tenho centenas de vídeos de eleitores que, ao apertarem meu número nas urnas, aparecia o voto para outro candidato. Ao apertarem o 7, aparecia o 3. Não vi ninguém falando do outro lado. Estou falando antes para que haja tempo de consertar pelo TSE”, afirmou aos diplomatas.
Aziz disse que o presidente não apresentou nada de novo sobre o sistema eleitoral.
“As alegações sem substância que ele faz já foram contestadas. Não merecem comentário, a não ser pelo fato de que a repetição desse lenga-lenga evidencia cada vez mais as intenções golpistas que ele alimenta”.
Aziz disse ainda que Bolsonaro também mentiu em outros assuntos
“Disse a embaixadores que ‘o Brasil está voando’ e ‘que nós nos comportamos muito bem na pandemia’. São frases que refletem o grau de delírio do presidente”.
E complementou:
“É uma agressão aos parentes dos mais de 670 mil mortos na pandemia e aos milhões que passam fome”.
Na avaliação de Ramos, Bolsonaro consolidou o apoio da comunidade internacional ao sistema eleitoral brasileiro.
“Foi patético e disse ao mundo que está apavorado com a iminente derrota. Mas é preciso denunciar o escandaloso uso da estrutura de governo com objetivos eleitorais e antidemocráticos”.
Ramos é ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados.
“Haverá um tempo em que, num país com mais de 30 milhões de pessoas passando fome e com inflação descontrolada, o presidente exercerá uma liderança global e convocará embaixadores para construir saídas para a fome e para os impactos econômicos da guerra e da crise pós-pandemia”.
Leia mais
Oposição
Os partidos de oposição protocolaram nesta terça-feira (19), no Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido de investigação contra Bolsonaro por vários crimes.
Entre os quais a ameaça ao estado democrático de direito e a incitação das Forças Armadas contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além disso, foi requerida uma apuração de possível prática de improbidade administrativa e campanha eleitoral antecipada.
O líder da minoria na Câmara, deputado Alencar Santana (PT-SP), disse que notícia-crime protocolada no STF trata de vários crimes cometidos por Bolsonaro.
“Crimes premeditado, com local e hora avisados com antecedência e autoridades convocadas formalmente que acabaram sendo testemunhas”.
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), destacou o objetivo da ação:
“Condenar o pré-candidato Jair Bolsonaro por propaganda irregular e o partido dele para imediatamente divulgar errata desmentindo os termos das declarações do seu candidato em TV públicas”.
Leia mais
TSE
O presidente do TSE, Edson Fachin , foi taxativo ao afirmar que o presidente mentiu aos embaixadores.
Disse que o ataque de hacker, que ainda é investigado, não representou qualquer risco à integridade das eleições presidenciais daquele ano.
“Até porque o código-fonte dos programas utilizados naquela e em todas as eleições passa por sucessivas verificações e testes”.
Fachin disse que o código-fonte é acessível, todo o tempo, aos partidos políticos, à OAB, à Polícia Federal e a diversas outras entidades.
“Portanto, dizer-se que um hacker teve acesso ao código-fonte é como arrombar uma porta aberta”, afirmou.
O ministro destacou também que há dezenas de chaves criptográficas que protegem o sistema eletrônico de votação e que as urnas eletrônicas não se conectam a qualquer rede.
Segundo o ministro, esses elementos já afastam qualquer possibilidade de fraude e de manipulação dos votos.
Foto: Reprodução/vídeo/Agência Câmara