Bolsonaro invade reduto petista com reajuste a professores
Anรบncio feito por Bolsonaro afaga categoria historicamente identificada com o PT e provoca queixas de prefeitos e governadores

Mariane Veiga
Publicado em: 28/01/2022 ร s 10:48 | Atualizado em: 28/01/2022 ร s 11:19
Em um cรกlculo polรญtico visando obter apoio eleitoral de uma categoria que, historicamente, apoia o PT, o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou, por meio das redes sociais, um reajuste de 33% no piso salarial de professores do ensino pรบblico.
O aumento รฉ bem acima do recomendado pelo Ministรฉrio da Economia, de 7,5% e o mais alto jรก concedido pelo governo desde o estabelecimento da Lei do Piso, em 2008.
A previsรฃo รฉ de que os custos acarretados pela correรงรฃo dos salรกrios fiquem prรณximos a RS 30 bilhรตes apenas para os municรญpios, que ameaรงam recorrer ร Justiรงa para se livrar do impacto financeiro da medida.
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โSe Manaus seguir esse reajuste, vai ter que baixar salรกrio dos professoresโ
Segundo a Secretรกria de Educaรงรฃo Bรกsica (SEB), do Ministรฉrio da Educaรงรฃo (MEC), a medida deve beneficiar 1,7 milhรฃo de docentes da educaรงรฃo bรกsica, que lecionam para 38 milhรตes de alunos na rede pรบblica do paรญs.
A correรงรฃo estรก prevista em lei, e deve ocorrer em janeiro de cada ano. Em nota, o MEC afirmou que o novo valor do piso passarรก dos R$ 2.886,24, estipulados em 2020, para R$ 3.845,63 em 2022.
“A definiรงรฃo do valor acontece apรณs estudo tรฉcnico e jurรญdico do MEC que analisou a matรฉria e permitiu a manutenรงรฃo do critรฉrio previsto na Lei 11.738, de 2008”, informou a pasta.
O critรฉrio para calcular o valor รฉ baseado no custo anual mรญnimo nacional por estudante, que รฉ definido por portaria do ministรฉrio, comparado entre os dois รบltimos anos.
“Esse reajuste vai ter impacto nos caixas dos estados e municรญpios. O governo federal sanciona, mas quem paga a conta sรฃo os estados e municรญpios, que nรฃo estรฃo todos com as finanรงas tรฃo boas assim โ รฉ o clรกssico ‘fazer gentileza com o chapรฉu alheio”, avaliou o economista Roberto Troster, da Troster Associados. “Isso acontece em todos os anos de eleiรงรฃo. Existe uma sรฉrie de restriรงรตes para que os governos nรฃo gastem mais em anos eleitorais, mas, dentro da lei, ร s vezes, eles tรชm maneiras de se esquivar disso”, completou.
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Foto: Alan Santos/Presidรชncia da Repรบblica