Os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que desde 1988 monitora a taxa de desmatamento na Amazônia, não deixam dúvidas de que o presidente Jair Bolsonaro (PL), em busca de se reeleger, mentiu sobre o assunto no debate com o também candidato Lula da Silva (PT).
O evento foi realizado por um pool de emissoras formado por TV Bandeirantes, TV Cultura, Folha de S.Paulo e UOL neste domingo (17).
Bolsonaro pediu aos telespectadores para acessar a busca do Google e verificar que a taxa de desmatamento do seu governo foi inferior ao de Lula.
Contudo, os números do Inpe revelam que o ex-presidente recebeu uma taxa de 25,4 mil Km² por ano do governo FHC e derrubou para 14 mil Km² em 2006. Ou seja, uma redução de 43,7% (ver gráfico abaixo).
“No segundo mandato ampliou a queda para 7 mil quilômetros quadrados, em 2010. No acumulado dos dois mandatos, caiu 72%”, disse o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo.
De acordo com ele, Lula promoveu uma revolução no enfrentamento do desmatamento. Já Bolsonaro “provocou o maior retrocesso no combate ao desmatamento desde que começou a ser monitorado”, disse Azevedo.
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Explosão de desmatamento
Conforme os dados, Bolsonaro promoveu uma explosão de desmatamento. Ele recebeu uma taxa de desmatamento de 7,5 mi Km² em 2018 e, em 2021, bateu em 13 mil Km². “Um crescimento de 73%. Em 2022 continuou crescendo e os números só vão piorar”, afirmou Azevedo.
O coordenador do MapBiomas lembrou ainda que, no mandato de Dilma Rousseff (PT), a taxa continuou caindo. Chegou, portanto, a 4,6 mil Km² em 2012.
“Com a aprovação do novo código florestal, com uma ampla anistia a desmatamentos ilegais, o processo começou a se reverter lentamente. E, em 2018, no governo Michel Temer, o desmatamento alcançou 7,5 mil quilômetros quadrados”, disse.
“Bolsonaro falando sobre desmatamento é o ápice do cinismo. Ele me exonerou pois não gostou que os dados do Inpe estavam apontando aumento do desmatamento!”, afirmou o ex-diretor Ricardo Galvão.
Confira o gráfico:
Foto: infoescola.com