Bolsonaro pode deixar governo sem entrar em uma fábrica da ZFM

Há quatro anos, com a orientação de Paulo Guedes, seu governo luta para acabar com a competitividade das empresas do polo industrial do Amazonas

Bolsonaro - ZFM pinguela

Neuton Correa, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 22/09/2022 às 11:12 | Atualizado em: 27/09/2022 às 21:28

O presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) pisa hoje em Manaus, dia 22 de setembro, a dez dias da eleição. Será essa a nona viagem dele ao Amazonas desde 2019, quando iniciou seu mandato. Portanto, talvez, a última oportunidade para conhecer uma fábrica do polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM).

Conforme praticamente todas as pesquisas eleitorais, o seu adversário Lula da Silva (PT) vai lhe tomar o cargo nas urnas. E isso pode acontecer até mesmo daqui a dez dias, uma vez que os últimos estudos apontam chance de Bolsonaro ser derrotado em primeiro turno.

Desse modo, essa visita-relâmpago que Bolsonaro faz ao estado pode ser sua última chance para guardar de lembrança uma foto ao lado de um trabalhador da ZFM.

Até hoje, o mais próximo que ele chegou dos trabalhadores de um dos maiores complexos industriais da América Latina foi para prestigiar o seu compadre e afilhado político Alfredo Menezes Júnior. Foi quando esteve em evento na Suframa, a autarquia de comando da ZFM em que empregou o aliado.

Em quatro anos de mandato, o presidente do país, além de não investir nada no Amazonas, ainda passou a perseguir o único modelo regional de desenvolvimento que o governo federal tem na região Norte. Sua intenção, orientado por seu ministro da Economia avesso às vantagens fiscais e constitucionais da ZFM, foi acabar com o modelo que é pai e mãe dos amazonenses.

Bolsonaro, desse modo, desprezou que a ZFM ancora mais de 80% da economia do Amazonas e colabora com os demais estados de sua abrangência na Amazônia. Como resultado, sua indústria irradia para estados vizinhos o seu vigor bilionário. Só em 2001, por exemplo, faturou mais de R$ 150 bilhões.

Contudo, isso não motivou Bolsonaro a ir conhecer as linhas de produção do distrito industrial. Perdeu uma oportunidade que talvez nunca mais tenha de, como chefe de Estado, se regozijar com o orgulho e satisfação do trabalhador amazonense.

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Na contramão do adversário

Como resultado dessa sua aversão à ZFM, Bolsonaro deixou uma imagem que se contrapõe à que Lula, por exemplo, desfruta entre os amazonenses. Afinal, o petista, quando presidente, dificilmente perdia uma oportunidade de ir ao encontro dos trabalhadores. E faz isso até agora, como na sua última passagem por Manaus.

As lembranças que o atual presidente guardará do Amazonas serão de suas idas a igrejas evangélicas atrás de votos e de fotos passeando de moto pela cidade. Longe dos mortais pedestres, aqueles que não têm nem para o pão de cada dia, quanto mais para queimar gasolina.

No Amazonas, Bolsonaro será lembrado como o presidente que mais perseguiu a ZFM. Desde os primeiros dias de sua gestão, começando pelo polo de concentrados para bebidas.

Ultimamente, mirou sua artilharia sobre o IPI (Imposto dos Produtos Industrializados). Seu objetivo, que ainda permanece, é minar a competitividade da indústria local. Embora tenha recuado, mas só depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) o obrigou, Bolsonaro segue com ações na Justiça contra a ZFM.

Em síntese, nessa nona ida ao Amazonas, quando novamente não terá nenhuma boa notícia para dar aos amazonenses, Bolsonaro deve refletir sobre o cada vez mais próximo dia 2 de outubro.

Afinal, essa data pode ser o fim da linha para sua cara feia e de desprezo com a ZFM. Se não for, Bolsonaro talvez possa pensar em mostrar respeito pelos brasileiros que vivem na Amazônia, sobretudo os habitantes originários e tradicionais.

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Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República