Bolsonaro dá prazo para o fim da ZFM, alertam parlamentares

Parlamentares falam em "corredor da morte" e "traição" do presidente após redução gradual do IPI de concentrados da ZFM

Israel Conte

Publicado em: 16/01/2020 às 17:33 | Atualizado em: 16/01/2020 às 22:54

Por Iram Alfaia, de Brasília

 

O senador Plínio Valério (PSDB) e o deputado Marcelo Ramos (PL) dizem que a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a redução gradual do porcentual do IPI dos concentrados de refrigerantes é o mesmo que mandar a Zona Franca de Manaus (ZFM) para o “corredor da morte.”

A declaração de Bolsonaro foi feita nesta quinta-feira, dia 16, numa entrevista ao sair do Palácio da Alvorada. Segundo ele, a alíquota vai reduzir de 2% em 2% até acabar com o subsídio.

“Os decretos começaram com o Temer que reduziu de 14% para 4% em um determinado prazo, mas essa redução não atendia a Zona Franca de Manaus. Aí, o Temer diminuiu de 2% em 2% e nós vamos continuar dessa maneira. Estava em 10% (até 31 de dezembro de 2019), vai passar para 8% (com o novo decreto) e tem um prazo para chegar a 4%. É uma forma mais suave acabarmos com esse subsídio. Só isso”, disse o presidente.

 

Ataques e traição

Plínio Valério afirmou que os ataques pontuais a Zona Franca vem sendo feito a conta-gotas desde o início do governo via o ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Agora a forma suave sugerida pelo presidente é na verdade uma sentença de morte. Ele acaba de mandar a Zona Franca para o corredor da morte, que agora tem data pra acabar”, disse o senador ao BNC Amazonas.

“Isso é uma traição com o povo do Amazonas. Estabelecer 8% de crédito e anunciar que vai reduzir pra 4% em 2022 é colocar o polo de concentrados e a Zona Franca no corredor da morte”, protestou Marcelo Ramos.

 

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Segundo ele, Bolsonaro trai seu compromisso com o povo do Amazonas e coloca o polo de concentrados e a ZFM, e consequentemente os empregos dos amazonenses, no corredor da morte. “A medida, como anunciada pelo presidente, apenas adia o problema e dá tempo para que as empresas preparem a saída de Manaus.”

O deputado Sidney Leite (PSD) lamentou a posição de Bolsonaro e disse que vai continuar coerente na defesa do Amazonas. “E desse modelo (ZFM) de desenvolvimento econômico regional, que gera emprego e renda e, garante o mínimo de saúde e educação para a região”, disse.

O deputado José Ricardo (PT) afirmou que gradativamente o presidente Bolsonaro e o ministro da economia Paulo Guedes estão enfraquecendo a economia do Amazonas.
“Está na hora de uma reação de todos os setores da sociedade em defesa do estado, do povo, dos trabalhadores.”

 

Sem comentários

O deputado Delegado Pablo (PSL) diz que ainda está avaliando a situação e prefere comentar o assunto após a edição do decreto com a nova alíquota.

 

 

Montagem sobre fotos de divulgação: BNC