Acostumado a confrontos institucionais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou hoje (19) tom moderado ao falar das eleições de 2022 e fez um elogio ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e ex-chefe do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luis Roberto Barroso.
Bolsonaro já acusou o ministro de “ter candidato” e, sem provas, de favorecer seu principal adversário no pleito, o ex-presidente Lula da Silva (PT).
“Quero cumprimentar aqui o ministro Luis Barroso, que enquanto presidente do TSE convidou as Forças Armadas, repito, convidou as Forças Armadas, a participar de todo o processo eleitoral. O que o povo quer é paz, tranquilidade, é trabalho. É poder viver em harmonia e trabalhar para que seu país de verdade seja uma grande nação”.
O tom pacífico adotado por Bolsonaro hoje contrasta com o longo histórico de gestos do presidente com o intuito de questionar a segurança do sistema eleitoral no país e contestar a legitimidade e a confiabilidade do voto eletrônico.
Recentemente, o pré-candidato à reeleição chegou a afirmar que, caso seja derrotado por Lula nas urnas, em outubro, isso só ocorreria por ocasião de uma fraude.
No ano passado, Bolsonaro liderou um movimento em favor do que ficou conhecido como projeto do voto impresso —a proposição, no entanto, foi derrotada no Congresso.
Na esteira dos ataques ao sistema eleitoral, Bolsonaro também não poupou críticas e palavras agressivas contra ministros do STF e do TSE, em referências diretas a Barroso (ex-presidente do Tribunal), Edson Fachin (o atual) e Alexandre de Moraes (o próximo).
Dessa forma, na versão do governante, o trio seria responsável por uma tentativa de “roubar a liberdade” dos brasileiros.
As declarações de hoje ocorreram na solenidade realizada em comemoração do Dia do Exército, em Brasília.
Se, por um lado, Bolsonaro adotou um perfil ponderado do qual não está acostumado, por outro, o presidente voltou a usar uma de suas frases de efeito mais recorrentes para provocar membros da Corte.
“Nós todos um dia, militares, juramos dar a vida pela pátria se preciso for. E todos nós, povo brasileiro, faremos mais do que isso para garantir a nossa liberdade e para garantir que todos, sem exceção, joguem dentro das quatro linhas da nossa Constituição.”
As “quatro linhas da Constituição” é uma figura de linguagem comumente utilizada pelo chefe do Executivo federal para criticar decisões de ministros da Corte, que, de acordo com o seu entendimento, extrapolariam os limites impostos pela Carta Magna em episódios como o inquérito das fake news e a prisão do deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ).
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Foto: Alan Santos/Presidência da República