Buracos permanecem na BR-319 no trecho da propaganda do Dnit

Governo Federal quer dar título definitivo a fazendas suspeitas de grilagem

Publicado em: 19/08/2019 às 20:40 | Atualizado em: 19/08/2019 às 20:49

O vídeo publicitário divulgado no fim de semana pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) sobre obras de recuperação na BR-319, num trecho de quase 200 quilômetros, esconde a realidade dessa parte da estrada e dos serviços.

A propaganda diz que o governo federal realiza a restauração da BR entre os quilômetros 13 e 198.

Uma equipe do BNC AMAZONAS percorreu nesta segunda-feira, dia 19, a rodovia até o quilômetro 180 e constatou que há máquinas trabalhando, mas em dois trechos que juntos não chegam a dez quilômetros.

Além disso, nem tudo é reconstrução da estrada. Há serviços de tapa-buracos em cerca de quatro quilômetros e repavimentação em outros cinco. Os trabalhos acontecem entre os quilômetros 130 e 145.

Depois disso, crateras, piçarra e algumas poças de lama tomam conta da rodovia, inclusive com sinalização do próprio Dnit alertando para o perigo de buracos na pista.

 

 

 

 

Erosões

Existem trechos onde a metade da estrada está destruída por erosões. Isso acontece, por exemplo, nos primeiros quilômetros da rodovia, na região do Careiro da Várzea.

O trecho que segue depois do mostrado no vídeo é ainda mais complicado. Em determinados momentos, é necessário parar o carro totalmente para passar pelos buracos.

 

Na beira da estrada, moradores ouvidos pelo BNC manifestaram desconfiança com o trabalho de repavimentação.

Seu Chico, ex-caminhoneiro e que viu a abertura da estrada na década de 1970, disse não acreditar que a BR-319 seja asfaltada por completo.

Ele acha também que a estrada, por ter sido feito às pressas, não tem estrutura suficiente para suportar o peso do fluxo intenso de veículos e carretas.

“Pra ficar ideal, a BR-319 teria que ser destruída e reconstruída do zero. Porque foi feita em cima de um alagado e com bases de madeira que estão apodrecendo e provocando depressões na pista. Não precisa ser inteligente, engenheiro, pra perceber que a água acumulada dos dois lados da pista, enfraquece qualquer estrutura construída. O certo era que a água ficasse afastada pelo menos 30 metros das margens da estrada”, disse.

Confira vídeos da situação da rodovia.

 

 

 

 

 

Polêmica

Nesta segunda-feira, o vídeo divulgado pelo Dnit mostrando o reasfaltamento da BR-319 foi alvo de polêmica.

Técnicos da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) informaram que as imagens eram de 2017, e que contratos das obras que acontecem hoje foram feitos ainda no governo Temer.

O Dnit se pronunciou, por meio de nota oficial, afirmando que as imagens foram gravadas na última quinta-feira, dia 15, entre os km 141 e 144.

Leia na íntegra, a nota abaixo.

 

Nota oficial 

O DNIT esclarece que o vídeo a respeito da BR-319/AM, publicado nas redes sociais da Autarquia, foi produzido pela empresa contratada para a restauração da rodovia federal. As imagens foram feitas em 15 de agosto de 2019, portanto, uma ação atual do departamento.

O vídeo foi gravado do km 141 ao km 144 – o trecho em restauração vai do km 13 ao km 198. 

A rodovia é de grande importância, pois liga Manaus à Porto Velho, consistindo na única via terrestre entre o Amazonas e o restante do país. 

 

Fotos e vídeos: Alan Geisler/BNC