Câmara quer saber por que bancos públicos querem deixar Febraban
Manifesto em favor da democracia, comandada pela Federação dos Bancos, pela pacificação dos poderes, tem apoio da Fiesp e desagrada governo

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 30/08/2021 às 00:57 | Atualizado em: 30/08/2021 às 00:57
A Câmara dos Deputados, por meio da Comissão Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (foto) , quer ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os presidentes do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, após as estatais ameaçarem deixar a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
O deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), presidente da comissão, disse que vai apresentar, nesta segunda-feira (30), um requerimento para convocar as partes.
Ao Correio Braziliense, o deputado disse que convocou a reunião na Câmara porque uma instituição do porte da Febraban não pode ficar sem representatividade de estatais.
“Tenho certeza que essa atitude prejudica muito a imagem do Brasil no exterior e o nosso país. Enquanto vivermos com pautas ideológicas vamos esquecer os problemas reais”, disse o representante da Câmara.
Manifesto
A possível saída se deve ao manifesto assinado por diversas entidades, incluindo a Febraban, e encabeçado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
O parecer pede pacificação entre os poderes, por causa do embate entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF). O documento deve ser apresentado nesta terça-feira (31).
Paulo Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Jair Bolsonaro estariam cientes do movimento dos bancos públicos.
A justificativa do Banco do Brasil e da Caixa para deixar a entidade é que o parecer faz uma cobrança apenas ao Executivo. No entanto, o manifesto não deve citar nominalmente o presidente Bolsonaro ou qualquer outro chefe dos poderes.
A praça da discórdia
Intitulado “A Praça dos Três Poderes”, o documento deve contar com a assinatura de pelo menos 200 entidades empresariais e financeiras, inclusive, de associações vinculadas ao agronegócio.
O objetivo é mostrar a preocupação com a crise entre o Executivo e o STF. Os representantes também temem que a situação possa prejudicar o processo de recuperação da economia brasileira.
Febraban não recua
Fontes ouvidas pelo Correio, afirmam que a Febraban segue firme na decisão de manter a assinatura do manifesto em favor da democracia.
O documento vem sendo elaborado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Procurada pela reportagem, a Febraban disse que “não comenta sobre posições atribuídas a seus associados”.
Sobre o manifesto articulado pela Fiesp e dirigido a várias entidades, a federação se limitou a dizer que “o assunto foi submetido à governança da Febraban, como é usual”, concluiu.
Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados