Caso Daniel Silveira: Alberto Neto levanta tom contra ministro do STF

"Até quando nós vamos admitir que um ministro do Supremo ultraje tanto a nossa Constituição?”, disse o parlamentar amazonense

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 30/03/2022 às 14:02 | Atualizado em: 30/03/2022 às 14:02

O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) saiu em defesa do colega Daniel Silveira (União Brasil-RJ) que desobedeceu a ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para o uso de tornozeleira eletrônica.

Para não obedecer a determinação, Silveira dormiu no seu gabinete na Câmara dos Deputados e disse que vai morar no local até os seus colegas sustarem a ação penal 1.044, da qual é alvo no STF.

“E já há dois pedidos sobre a mesa da presidência da casa, nos moldes do art. 53, § 3º da Constituição, totalmente cabíveis, para que a ação seja analisada em 45 dias improrrogáveis e também para que sejam derrubadas as medidas cautelares, que estão ilegais”.

O deputado amazonense também criticou a decisão e subiu o tom contra o ministro do STF. “Eu quero aqui me solidarizar com o nosso deputado. Até quando nós vamos admitir que um ministro do Supremo ultraje tanto a nossa Constituição?”, disse.

Ele considerou que se pode até discordar de Silveira, mas é preciso obedecer a lei e a Constituição.

“O deputado foi preso à noite num flagrante eterno que foi criado. Um absurdo. Não roubou, não matou, apenas discordou, talvez de maneira veemente, e está pagando um preço muito caro por isso”.

Sem citar as novas ameaças feitas por Silveira ao STF, Alberto Neto achou absurda a decisão do ministro de colocar a tornozeleira, “apenas porque ele se encontrou, por acaso, num congresso, com um dirigente partidário do seu mesmo partido.”

“Olha o absurdo a que nós chegamos. Hoje é tornozeleira eletrônica; amanhã serão outras prisões, outras arbitrariedades. Temos que frear isso”.

Alberto Neto também cobrou do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que paute a ação penal. “Vamos decidir aqui na casa o destino de cada parlamentar, assim como está previsto na Constituição. Nós não podemos aceitar mais este ultraje: rasgar a nossa Constituição”.

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“Covarde”

A líder do Psol na Câmara, Sâmia Bomfim (SP), chamou Silveira de “covarde” por pedir ao presidente Lira que paute a ação penal que “o condenou por todos os crimes que cometeu contra o povo brasileiro, contra as instituições brasileiras, contra as liberdades democráticas.”

“De forma covarde e vergonhosa, vem à tribuna pedir para que o plenário, para que todos os deputados coloquem a sua digital para salvar a pele de um criminoso”.

E prosseguiu: “É disto que se trata o Brasil de Bolsonaro e é disto que se trata o bolsonarismo: de um bando de covardes e criminosos que o tempo todo cometem ações como essas em manifestações antidemocráticas”.

Por outro lado, a líder requereu à Mesa que se paute “imediatamente” no plenário a indicação de suspensão de seis meses do deputado Silveira, que foi votada e aprovada no Conselho de Ética.

Foto: Reprodução/ Facebook