Por Rosiene Carvalho , da Redação
Cinco meses após ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-governador José Melo perdeu também a direção da comissão provisória do Pros no Amazonas para seu vice nas Eleições 2014, Henrique Oliveira, que também sofreu a cassação.
A informação foi confirmada na manhã desta sexta-feira, dia 13, pelo próprio Henrique Oliveira. “É oficial no TSE, sim. Já estamos lá com a nova provisória e eu como presidente do partido no Amazonas”, afirmou Henrique ao BNC .
Henrique Oliveira disse não ter conversado com Melo sobre o assunto. Há cerca de um mês e meio, Henrique, em entrevista ao BNC, se queixou de não ser atendido por Melo e da falta de espaço que teve no Governo em detrimento de outros vices que foram prestigiados pelo titular.
Na manhã desta sexta-feira, Henrique disse que sua relação política com Melo, iniciada com a coligação de 2014, acabou com a cassação e a impossibilidade de revertê-la após a eleição suplementar de 2017.
“A minha união com o Melo foi política. A possibilidade dele voltar a ser governador e eu vice implicaria numa relação institucional. Hoje com a questão da posse do Amazonino isso se desfez, se torna impossível. Nossos projetos são diferentes. Sigo com o meu propósito de vida política e, pela frente, tenho projetos para ajudar o Amazonas, o Brasil. Não iria para um partido para ser coadjuvante. Principalmente para uma união que não deu certo”, disse.
Solidariedade ficou com Braga
Henrique saiu do Solidariedade após membros da sigla se aliarem ao algoz dele e de Melo, o senador Eduardo Braga (PMDB), nesta eleição suplementar. O Pros tem 14 deputados federais, um a menos que o Solidariedade, o que dá a Henrique Oliveira a mesma condição de tempo de TV que tinha na antiga sigla.
O ex-vice-governador do Amazonas tem planos de disputar as eleições 2018 e não os esconde de ninguém. “Tenho certeza absoluta da minha elegibilidade”, voltou a afirmar Henrique.
Pros
O Pros foi criado às vésperas do final do prazo para participação nas Eleições de 2014. Na ocasião, setembro de 2013, Henrique Oliveira e José Melo, ainda sem projetos políticos de união, estavam em busca de uma sigla que os abrigasse para a disputa do ano seguinte.
Henrique, na época filiado ao PR de Alfredo Nascimento, procurava um partido em que não virasse moeda de troca e nem tivesse os planos sufocados por um cacique.
Melo, filiado ao PMDB de Braga, tentava um espaço que estivesse fora da órbita do ex-líder para se lançar a reeleição.
Henrique Oliveira mantinha contato direto, em Brasília, com as lideranças do Pros e ajudou de certa maneira a sigla a se firmar no Estado, mas viu, tão logo o registro ser aprovado no TSE, o partido entrar em disputa pesada entre aliados de Braga e Melo e decidiu se abrigar no Solidariedade.
Em abril deste ano, em entrevista veiculada no Jornal Nacional, o ex-presidente de honra do Pros, Henrique Pinto, afirmou que custou a José Melo R$ 2 milhões o tempo de TV cedido pela sigla nas eleições de 2014.
O BNC apurou que dois fatores foram decisivos para que a direção nacional do Pros trocasse Melo por Henrique Oliveira. O ex-governador foi avisado que estava deposto da direção por Radyr Júnior, braço direito dele no Pros.
Um foi a relação próxima que Henrique mantinha com o presidente nacional do Pros, Eurípedes Júnior.
O outro foi a própria atitude de José Melo nos últimos cinco meses deixando claro publicamente seu desânimo com a política. A sigla tem outros planos para 2018 e, em função disso, preferiu entregar o partido para quem “tem brilho nos olhos”, indicou uma fonte do BNC que acompanhou o processo.