Apresentado pelo governador do Amazonas como um homem “extremamente operoso, qualificado, inteligente, competente”, o novo supersecretário de Governo , coronel PM Walter Cruz, reafirmou que vai fiscalizar pessoalmente a execução dos projetos de segurança pública e pode intervir nas polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros e Departamento de Trânsito (Detran).
“Vou ser cobrado pelo governador, obviamente que vou cobrar alguém. Se estiver bom, vamos dar uma avaliação boa. Se estiver ruim, eu vou cobrar. Se continuar ruim, o jeito é intervir”, afirmou Cruz.
O secretário se referia a projetos que estão sendo finalizados por uma equipe multidisciplinar, com membros do atual sistema de segurança pública, para aplicação em curto, médio e longo prazos, tudo sob sua fiscalização e avaliação.
Cruz vai tocar programa resultante da consultoria norte-americana do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, do plano “tolerância zero”, exaltado por Amazonino como “o caminho eficaz, correto e técnico para resolver os problemas da segurança pública no Amazonas”.
Delegados e chefes de seccionais da Polícia Civil, comandantes de companhia (Cicom), de batalhões e de áreas da Polícia Militar, além da própria cúpula desses órgãos e da própria Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) e suas secretarias-executivas de Inteligência (Seai) e de Operações (Seaop), todos estarão sob a vigilância direta do novo “xerifão da segurança pública”.
“Vamos fazer com que todos participem. Vamos trabalhar, do soldado ao coronel. O projeto deve ter 70% de avaliação positiva. Se isso não for atingido, vou intervir”.
Walter Cruz recebeu carta branca do governador Amazonino Mendes para isso. “O nosso coronel Walter vai ser o coordenador, o integrador, o homem necessário para fazer as coisas andarem, que não fiquem no papel. Ele vai ser a cobrança direta, o guardião. Eu vou cobrá-lo pessoalmente”, disse.
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Sob o olhar atento de pares e subordinados
Na plateia da posse, vários oficiais de alta patente da Polícia Militar conferiam atentamente as palavras do novo chefe. O atual comandante-geral da PM não prestigiou o evento. Nem ninguém do atual comando da corporação.
Alguns manifestaram contidamente um certo ar de desaprovação quando Cruz anunciou que o líder de equipe dos projetos da Polícia Militar é o coronel Gilberto Gouvêa (foto acima ).
Comandante-geral da corporação por pouco mais de oito meses, do final de janeiro a setembro de 2015, no governo de José Melo (Pros), Gouvêa foi exonerado do comando debaixo de críticas e denúncias de atos arbitrários.
O deputado estadual Cabo Maciel (PR) chegou a chamá-lo de “ditador” e “semideus” quando denunciava na Assembleia Legislativa, em agosto de 2015, que o então comandante resolvera expulsar, por conta própria, um militar com 15 anos de serviço.
“Eu desconheço que em 178 anos de existência da Polícia Militar tenha havido uma única exclusão de um oficial por qualquer ato. Então, eu desafio o coronel Gouvêa, esse ditador, esse semideus, a desarquivar os processos dos oficiais que estão respondendo por crimes e julgá-los e excluí-los da corporação como se exclui tão facilmente um soldado”, disse o deputado à época.
Gouvêa teve ainda seu comando marcado pelo descontentamento da categoria dos praças quando mandou instaurar inquérito para punir uns 100 soldados, cabos e sargentos que participaram de ato de protesto contra o Governo do Estado em abril de 2015.
Segundo acusaram os investigados à época, o comandante-geral queria enquadrá-los em crimes de conspiração, aliciação para motim ou revolta, incitamento e publicação ou crítica indevida praticados por policiais militares.
Foto: Reprodução/militaresdoamazonas.blogspot.com
Próximas etapas do programa de Giuliani
Enquanto inicia a implantação dos projetos mais voltados para a área de segurança, para conter a violência e criminalidade em constante ascensão nos últimos meses, Cruz disse que já estão sendo feitos diagnósticos das duas próximas áreas que serão atacadas pela supersecretaria: sistema carcerário e vigilância das fronteiras do Amazonas.
O secretário anunciou que nessa primeira fase os conselhos comunitários, que existiam como um dos pilares do programa Ronda no Bairro, vão ser recriados.
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Foto: BNC Amazonas