Novo depoimento de ex-ajudante de Bolsonaro implica cúpula militar, incluindo ex-ministros e ex-comandantes das Forças Armadas, em suposta tentativa de golpe. Mauro Cid aponta diretamente a cúpula militar do governo anterior em uma suposta tentativa de golpe. Entenda as acusações e o desdobramento das investigações.
O novo depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, trouxe implicações significativas para a cúpula militar do governo anterior.
Segundo fontes da Polícia Federal (PF) o testemunho do tenente-coronel corroborou as declarações dos ex-comandantes da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, e do Exército, Marco Antônio Freire Gomes.
Os três nomes apontam o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Neto, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier dos Santos, no centro de uma suposta tentativa de golpe.
As discussões, de acordo com fontes ligadas à investigação, giravam em torno do descredibilização do sistema eleitoral brasileiro. Apesar das negativas do ex-presidente Jair Bolsonaro, os investigadores afirmam que sua participação na elaboração de minutas golpistas é “clara”.
O depoimento de Mauro Cid à PF, que durou mais de oito horas, está sendo detalhadamente analisado pelas investigações, que buscam correlacionar suas declarações com provas periciais de materiais apreendidos durante operações de busca e apreensão.
Fontes próximas à investigação destacam a colaboração de Cid com todas as perguntas e ressaltam sua posição como delator premiado, o que pode atenuar supostos crimes.
A Polícia Federal agora avalia a possibilidade de novos depoimentos que possam contribuir com as apurações em andamento.
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Na decisão que motivou a operação Tempo da Verdade, os investigados foram apontados como integrantes de “núcleos” que auxiliavam o ex-presidente na tentativa de golpe.
Augusto Heleno foi identificado como integrante do núcleo de “Inteligência Paralela”, responsável pela coleta de dados e informações relevantes.
Já Walter Braga Netto, Almir Ganier e Paulo Sérgio Nogueira faziam parte do núcleo de “oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos”.
As defesas dos envolvidos afirmaram que não tiveram acesso a todos os elementos da investigação e destacaram a ausência de Almir Garnier na reunião ministerial de julho de 2022, onde supostamente teriam ocorrido as discussões sobre o sistema eleitoral.
A CNN tentou contato com as defesas dos demais citados, mas não obteve resposta até o momento.
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