Cientista propõe medidas duras contra segunda onda de covid-19 em Manaus

Além de reafirmar que Manaus vive sim segunda onda da covid, cientista da Fiocruz critica governos e sugere medidas além da ampliação de leitos

Manaus Funk

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 28/10/2020 às 04:00 | Atualizado em: 28/10/2020 às 18:17

O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, que vem alertando sobre a existência de segunda onda do coronavírus (covid-19) em Manaus, defende medidas mais duras em relação à ampliação de leitos clínicos e de UTI na capital.

“Medidas duras precisam ser tomadas não apenas em relação à ampliação de leitos clínicos e de UTI, mas, sobretudo, em relação ao rastreamento oportuno de contatos de doentes e pessoas enfermas pela covid-19”.

Para ele, não é possível continuar “lidando de forma tão precária” com a epidemia na capital, sem qualquer reforço massivo e contundente. Ele, portanto, fazia referência a ações de prevenção e diagnóstico precoce da doença.

“É inaceitável assistirmos a tudo isso de novo, com o interior do estado sem leitos de UTI sete meses depois do primeiro caso, ou sem a descentralização das ações de vigilância laboratorial”.

Além disso, o cientista também defende diálogo entre os governos (estadual e municipais) para rever boa parte das medidas de flexibilização. Por exemplo, distanciamento social e atividades presenciais.

Orellana diz que não se pode mais negar segunda onda da doença em Manaus, fato constatado por Roberto Medronho. Este é professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e uma das maiores autoridades do país em epidemiologia.

 

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Imunidade de rebanho

“Essa constatação também enterra a falácia da suposta imunidade de rebanho em Manaus, confirmando o que temos dito há meses e o que repetidos inquéritos de base populacional (EpiCovid19-BR) e modelos epidemiológicos sérios têm mostrado”.

Conforme o cientista da Fiocruz, essa referência é a estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de S. Paulo).  Este concluiu que a capital atingiu alto grau de infecção da doença, deixando grande parte da população imune.

O cientista chamou o estudo de astuto e irresponsável. De acordo com Orellana, isso só tem sentido na cabeça de “leigos, negacionistas ou desqualificados”.

 

Foto: BNC Amazonas