Comandantes militares entregam Bolsonaro e seu plano de golpe

Os depoimentos revelam a participação de Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado, expondo discussões sobre minutas para impedir a posse de Lula e estratégias de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

15/03/2024 16:10

Comandantes militares entregam Bolsonaro e seu plano de golpe

O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou públicos nesta sexta-feira (15/3) os depoimentos de militares à Polícia Federal (PF) sobre uma tentativa de golpe de Estado.

A investigação, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, revelou detalhes sobre a trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, seus aliados e ex-comandantes militares.

Os relatos dos militares apresentam Bolsonaro no centro da conspiração, revelando que ele não só estava ciente das minutas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas também as discutiu com os chefes das Forças Armadas.

Exército

General Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, confirmou em seu depoimento que participou de uma reunião na qual Bolsonaro tratou sobre uma minuta de decreto golpista.

Ele relatou que Bolsonaro descreveu o documento como “em estudo” e depois “reportaria a evolução aos comandantes”.

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Força Aérea

Já o tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, afirmou que Freire Gomes chegou a dizer a Bolsonaro que teria que prendê-lo se ele tentasse consumar o plano golpista.

Baptista Jr. também mencionou que Bolsonaro apresentava documentos com teor golpista aos militares em diversas reuniões, propondo a utilização da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outros institutos jurídicos para solucionar uma possível “crise institucional”.

Marinha

Por outro lado, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, permaneceu em silêncio durante seu depoimento à PF.

No entanto, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em sua delação premiada, citou Garnier como simpático a um golpe de Estado, afirmando que ele teria colocado tropas à disposição de Bolsonaro.

Os depoimentos reforçam as investigações sobre a tentativa de golpe e colocam em xeque a estratégia de defesa de Bolsonaro, que inicialmente negava conhecimento das minutas, mas posteriormente tentou justificar suas ações com base na Constituição.