CPI da covid encerra em clima tenso e ameaça de debandada na votaĂ§Ă£o
Os integrantes do grupo apontam que havia um acordo para que Renan se reunisse individualmente com os senadores para discutir pontos do relatĂ³rio

Publicado em: 23/10/2021 Ă s 14:06 | Atualizado em: 23/10/2021 Ă s 14:06
No momento decisivo da CPI da covid, o grupo majoritĂ¡rio que comanda as ações do colegiado precisou enfrentar mais uma crise interna que colocou em risco a unidade para aprovar o relatĂ³rio final do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A atuaĂ§Ă£o de bombeiros e acordos para promover ajustes no relatĂ³rio ajudaram a contornar momentaneamente o problema.
O clima de tensĂ£o e disputas, no entanto, segue nos bastidores, inclusive com a ameaça de defecções (abandono) na votaĂ§Ă£o do documento final da comissĂ£o, nesta terça-feira (26).
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Na Ăºltima quarta-feira (20), Renan leu o relatĂ³rio final em uma sessĂ£o da comissĂ£o marcada por emoĂ§Ă£o e discursos de impacto.
Foram ressaltados o carĂ¡ter histĂ³rico da CPI e houve muitas promessas de justiça. Renan e o presidente Omar Aziz (PSD-AM) trocaram uma sĂ©rie de elogios.
O clima contrastava com os momentos que precederam a sessĂ£o. O chamado G7 havia mergulhado em uma grave crise por causa de divergĂªncias sobre o relatĂ³rio e pelo seu vazamento.
Os integrantes do grupo apontam que havia um acordo para que Renan se reunisse individualmente com os senadores para discutir pontos do relatĂ³rio.
Ainda na semana anterior Ă leitura do relatĂ³rio, em uma reuniĂ£o virtual na sexta-feira (15), os senadores deixaram claro que havia discordĂ¢ncia sobre propor o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por genocĂdio da populaĂ§Ă£o indĂgena.
O relator escutou a demanda por mais debate a respeito do assunto e prometeu discutir o tema. Mais tarde no mesmo dia, porĂ©m, senadores explodiram em revolta ao ler na imprensa os principais trechos do relatĂ³rio final, que continha a tipificaĂ§Ă£o de genocĂdio.
Embora a reaĂ§Ă£o tivesse sido geral, deixando Renan isolado, as expressões de descontentamento mais fortes partiram justamente de Aziz.
“É de conhecimento dele [Renan]. Ele nĂ£o vazou esse relatĂ³rio sem saber que a gente queria discutir essa questĂ£o. EntĂ£o, se vocĂª me perguntar se estĂ¡ tudo bem, nĂ£o, nĂ£o estĂ¡ tudo bem”, afirmou o presidente da CPI.
“Ia haver divergĂªncia? Ia. Mas [a gente chegaria] unificado. E nĂ£o a imposiĂ§Ă£o de um relatĂ³rio achando que alguĂ©m Ă© dono da verdade a essa altura do campeonato”, disse o senador.
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Foto: Jefferson Rudy/AgĂªncia Senado