CPI recebe prova sobre cloroquina abafada por Pazuello e Queiroga

Em depoimento à CPI, Pazuello jamais admitiu a existência desse documento, nem o uso de drogas ineficazes no tratamento de crianças. Tampouco seu sucessor, Marcelo Queiroga

Publicado em: 21/09/2021 às 17:10 | Atualizado em: 21/09/2021 às 17:34

Chegou às mãos dos senadores da CPI da covid-19 um documento que é ouro puro. Tem como título: “Orientações do Ministério da Saúde para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da covid-19”. É de setembro do ano passado, quando o ministério estava entregue ao general Eduardo Pazuello.

Faz 13 considerações iniciais para justificar o uso de cloroquina.

Veja algumas delas:

Considerando que até o momento não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a cOVID-19;

Considerando que alguns Estados, Municípios e hospitais da rede privada já estabeleceram protocolos próprios de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratamento da COVID-19;

Considerando a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde, e que não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível para a COVID-19;

Leia mais

Pazuello ainda não explicou movimentação suspeita na sua conta

Considerando que o Conselho Federal de Medicina recentemente propôs a consideração da prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina pelos médicos, em condições excepcionais, mediante o livre consentimento esclarecido do paciente, para o tratamento da COVID-19;

Em seguida, na parte das recomendações, está escrito: “Em crianças, dar sempre prioridade ao uso de hidroxcloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina”.

Em depoimento à CPI, Pazuello jamais admitiu a existência desse documento, nem o uso de drogas ineficazes no tratamento de crianças. Tampouco seu sucessor, Marcelo Queiroga.

Quanto a Queiroga, o mais ensaboado dos ministros do governo, que só usa máscara quando está em público ou corre o risco de ser fotografado, seu nome consta ao pé do documento.

Ali são referidos 67 trabalhos supostamente científicos que sustentariam a prescrição da cloroquina e de outras drogas. O de número 39 diz assim: LOPES, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga.

É o homem que obedeceu à ordem de Bolsonaro para suspender a vacinação de adolescentes e que em Nova Iorque, na segunda-feira (20), agradou ao chefe ao dar o dedo para manifestantes que o vaiaram.

Leia mais no Metrópoles

Foto: divulgação