CPI: “Anúncio de vacinas por Bolsonaro vem com atraso fatal e doloroso”

A CPI da covid no Senado se manifestou, por intermédio dos seus membros, após o pronunciamento do presidente da República na noite desta quarta-feira (2). Bolsonaro comemorou a aquisição de vacinas pelo governo

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Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 02/06/2021 às 23:03 | Atualizado em: 02/06/2021 às 23:03

A CPI da covid no Senado reagiu, por meio de seus integrantes (foto), ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ocorrido na noite desta quarta-feira (2). 

No pronunciamento de cinco minutos, Bolsonaro abordou, entre outros assuntos, a aquisição de vacinas, um dos pontos centrais apurados pelos senadores.  

“O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta. Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa”, disse o presidente. 

Na lista de temas investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito está os motivos para o Brasil ter demorado meses para responder a uma oferta de doses da farmacêutica Pfizer. 

“A inflexão do presidente da República, celebrando vacinas contra a covid-19, vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando se inaugurou o negacionismo, minimizando a doença, qualificando-a de gripezinha”.

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Esse é tom da nota pública assinada pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).  

O manifesto dos senadores menciona ainda o atraso de 432 dias para a aquisição das vacinas e a morte de quase 470 mil brasileiros causadas pela covid-19.

A omissão do governo Bolsonaro é considerada pela cúpula da CPI como “desumana e indefensável”.  

De acordo com os senadores, a fala do presidente da República deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira.  

“No entanto, optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a covid-19”, afirmam. 

Na opinião dos parlamentares investigadores, o pronunciamento é uma reação do governo diante consequência do trabalho da CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. 

“Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais. A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas”, encerra a nota pública.  

Além da mesa diretora da CPI da covid, também assinaram o documento os membros titulares Tasso Jereissati (PSDB-CE), Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-PE) e Eduardo Braga (MDB-AM). A nota também recebeu o apoio dos membros-suplentes: Alessandro Vieira (Cidadania/SE) e Rogério Carvalho (PT-SE).

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado