Enquanto, em solo, líderes de religiões afro-brasileiras celebravam o Dia Nacional da Consciência Negra em luta por respeito, justiça e igualdade, do alto, a cruz de Cristo sobressaía.
Em Manaus, essa discrepância oficial aconteceu no último dia 18, no plenário da Assembleia Legislativo do Estado (ALE-AM), o Poder Legislativo Estadual.
Quatro dias antes, também na ALE-AM, mas noutro local, já se via semelhante incongruência. Foi no auditório Senador João Bosco.
Dessa vez, o pretesto era o de outorgar o Prêmio Nestor Nascimento 2024. A premiação, que nasceu em 2022, tem como uma das categorias principais a de Preservação da fé nas religiões de Matriz Africana e combate à intolerância religiosa.
Pois bem! Enquanto os prarticantes das religiões afro-brasileiras se manifestavam com músicas, danças e discursos, era que o Cristo morto da cruz que contemplava o ato do ponto mais visível no local.
O constrangimento a que a fé dessas pessoas se submeteu não é recente. No Amazonas, pode-se notar nas repartições e principalmente dos plenários legislativos e do Judiciário.
Vejam nas imagens abaixo.
Prêmio Nestor Nascimento/Foto: Alberto César/ALE-AM
Cebração da Consciência Negra/Foto: Danilo Mello/ALE-AM
A cruz no TJ-AM/Foto: Chico Batata
Pois bem, esse premâmbulo todo foi para dizer que a coisa não vai mudar, pelo menos agora, no atual momento da sociedade.
A ação que o Ministério Público Federal moveu para que o estado de São Paulo retirasse símbolos religiosos (crucifixos, imagens de santos e outros objetos ) das repartições começou ontem a perder sua última batalha. Venceu na primeira instância e na segunda.
Em julgamento virtual, o STF formou maioria negando a prática. A decisão terá repercussão geral, ou seja, vale para todo o Brasil e em todas as instâncias da Justiça.
O relator do caso, o ministro Cristiano Zanin, considerou que os objetos religiosos não ferem a Constituição e que fazem parte do aspecto-cultural presente. Ele ressaltou que o cristianismo faz parte da formação da sociedade brasileira e que os feriados alusivos à religião, os nomes de cidades, estados e locais públicos fazem parte da cultura do país.
Sem mudar nada, seguiram Zanin os ministros Flávio Dino, André Mendonça, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin acompanhou Zanin, mas fez ressalvas.
O julgamento pode se encerrar nesta terça-feira, 26.
Leia mais
Foto: Alberto César Araújo/ALE-AM