Denúncia de leitos de UTI vagos em hospitais militares é má-fé, diz governo
Informações da SES, mostradas pelo UOL, afirmam que 84 dos 116 leitos para covid estavam livres nos hospitais das Forças Armadas

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 12/02/2021 às 18:27 | Atualizado em: 12/02/2021 às 18:34
O Ministério da Defesa veio a público nesta sexta-feira (12) rechaçar a denúncia de que os hospitais das Forças Armadas no Amazonas estão com mais da metade dos leitos para a covid-19 vagos à espera de eventuais adoecimentos de militares ou familiares.
A informação foi veiculada ontem, quinta-feira (11) pelo portal de notícias UOL.
De acordo com a reportagem, a partir de informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES-AM), 84 dos 116 leitos (ou 72,4% do total), destinados a pacientes de covid-19, estavam livres nos hospitais militares.
Enquanto isso, 278 pacientes do sistema público de saúde aguardavam na fila oficial: 217 em Manaus e 61 no interior. Mas, o governo do estado não fez um pedido formal para usar esses leitos.
Manaus possui dois hospitais das Forças Armadas: o Hospital da Aeronáutica e o Hospital Militar de Área de Manaus, além de uma Policlínica Naval.
Repúdio veemente
Em nota, o Ministério da Defesa disse repudiar veementemente qualquer acusação ou insinuação de indiferença das Forças Armadas diante da crise decorrente da covid-19 no estado do Amazonas.
De acordo com o MD, acusações e insinuações dessa natureza só podem ser decorrentes de má fé ou de alienação e absoluto desconhecimento dos fatos.
Informa ainda que a operação covid-19 atua em todos os estados, desde março de 2020, mobilizando em média 34 mil militares diariamente.
“Justamente por atuarem na linha de frente, o índice de contaminação dos militares tem sido muito superior à média da população”, afirma a nota pública.
Hospitais sobrecarreados
Segundo o Ministério, até o momento, 39.600 militares da ativa já foram contaminados, 12% do efetivo total das Forças Armadas. Por conta disso, os hospitais militares têm estado bastante sobrecarregados.
“Além de tratar os militares da ativa contaminados, esses hospitais devem atender, conforme previsto em lei, milhares de militares inativos, dependentes e pensionistas, que, mensalmente, têm valores descontados em seus pagamentos para os fundos de saúde”, alega o MD.
Número de leitos
O Ministério da Defesa informa ainda que para atender os 55.201 usuários que compõem a família militar no Amazonas, existem apenas 26 leitos de UTI, dos quais 18 estão ocupados, já tendo ocorrido 140 óbitos.
“Por diversos dias de janeiro, a ocupação na UTI de covid nos Hospitais Militares chegou a 100%. Para evitar o colapso total, 33 militares foram transferidos para outros estados, assim como vem sendo realizado com pacientes civis”, afirma a nota.
União de forças
O deputado federal José Ricardo (PT-AM) defende que, se houver vagas disponíveis de leitos em hospitais militares, estes devem ser disponibilizados para a população;
“Esse é o momento de a gente somar forças para transferir os pacientes para onde tiver vagas seja nos hospitais públicos, privados, do Exército e de outras instituições. Esses leitos precisam ficar à disposição para tentar salvar o máximo de vidas possíveis”, sugeriu o deputado.
Na avaliação de José Ricardo, é prudente ter um diálogo entre governo federal e estadual. Ele promete fazer essa cobrança.
Na audiência realizada ontem no Senado, o coordenador da bancada, senador Omar Aziz (PSD-AM) questionou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a denúncia contra os hospitais militares em Manaus. Mas, Pazuello não respondeu ao questionamento.
Forças Armadas na pandemia
O Ministério da Defesa elencou uma série de ações das Forças Armadas no apoio logístico ao combate à pandemia de coronavírus no estado do Amazonas:
Segundo o MD, desde o dia 8 de janeiro, aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) estão atuando no transporte de pacientes, tanques e cilindros de oxigênio, equipamentos de saúde e hospitais de campanha:
– foram realizados 186 voos, sendo 63 para remoção de pacientes e 123 para apoio logístico de insumos médicos, totalizando 1.650 horas de voo.
– aviões da FAB já levaram 628 pacientes para outros estados.
– As Forças Armadas transportaram um reservatório com 90 mil m³ de oxigênio,
– 529 tanques de oxigênio líquido,
– 28 usinas de oxigênio,
– 5.113 cilindros de oxigênio gasoso,
– 104 respiradores e mais de 10 toneladas de medicamentos.
Foto: Divulgação/HMAM