Deputado aponta erro de Bolsonaro ao abrir mercado de compras
Marcelo Ramos vê a medida na contramão do que pode melhorar a economia

Publicado em: 23/01/2020 às 20:38 | Atualizado em: 23/01/2020 às 20:38
Iram Alfaia, de Brasília
Para um país com alto índice de desemprego, desindustrialização e desaquecimento da economia, não foi bem digerida a decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), de abrir o mercado de compras do governo a estrangeiros.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que vai aproveitar a presença de investidores no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, para anunciar a iniciativa do governo. Ele participou do evento até esta quinta, dia 23.
O deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM) disse que a medida está na contramão do que pode ser feito para melhorar o ambiente econômico.
“Penso que é um erro num país que precisa se reindustrializar pra ter um maior crescimento e retomar a geração de emprego”, afirmou o deputado ao BNC Amazonas.
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Ex do Ipea teme
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o mercado de compras governamentais no país representa aproximadamente 12,5% do PIB (Produto Interno Bruto).
Em todos os governos passados, esse mercado foi usado para estimular as empresas nacionais e gerar empregos.
O temor é que as empresas estrangeiras tomem conta desse mercado. É o que avalia o ex-presidente do Ipea Márcio Pochmann.
Para o economista, o Brasil ficará inviabilizado caso abra seu mercado.
“Sob o governo Bolsonaro, o Brasil encontra-se à venda, com seu ministro da Economia propagandeando que até compras públicas serão abertas ao capital estrangeiro”, escreveu no Twitter.
Pochmann diz que é preciso levar em conta a movimentação feita no país por investidores estrangeiros no ano passado. “Investidores retiraram US$ 62,2 bilhões do país através das transações financeiras.”
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O que disse Bolsonaro
“Autorizei o início do acesso do Brasil ao acordo de compras públicas da OMC [Organização Mundial do Comércio]. Em respeito ao dinheiro do pagador de imposto, buscaremos licitações mais transparentes e com ampla concorrência internacional, abrindo ainda um mercado de US$ 1,7 trilhão por ano para empresas brasileiras”, postou o o presidente no Twitter.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil