Deputados do AM exigem apuração sobre escândalo no MEC

Ministro admitiu favorecimento para a liberação de verbas a prefeitos que chegam a pasta acompanhados de pastores

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 22/03/2022 às 18:39 | Atualizado em: 22/03/2022 às 18:39

Os deputados federais do Amazonas Marcelo Ramos (PSD), José Ricardo (PT) e Sidney Leite (PSD) cobraram, nesta terça-feira (22), investigação sobre a conduta do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que aparece numa gravação admitindo favorecimento para a liberação de verbas a prefeitos que chegam a pasta acompanhados dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

“Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar, porque foi um pedido especial que o presidente fez para mim”, declarou o ministro no áudio vazado envolvendo Jair Bolsonaro (PL).

Sobre o escândalo, o BNC Amazonas tentou ouvir o deputado Silas Câmara (Republicanos) que foi ex-coordenador da bancada evangélica e atual integrante.

Ele evitou comentar o assunto, mas divulgou uma coletiva que será realizada nesta quarta-feira (23) com o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica.

No seu perfil no Twitter, Câmara tem uma postagem com foto ao lado do ministro anunciando a liberação de recursos para os municípios amazonenses.

Marcelo Ramos

“Isso é só mais uma expressão da esculhambação que virou o estado brasileiro, da quebra de todas as regras de institucionalidade, de todos os valores que devem orientar a República”, reagiu Marcelo Ramos, que é vice-presidente da Câmara.

Trata-se de “esculhambação”, prossegue o deputado, que vai se consolidando por conta da leniência dos órgãos de controle. “Eu espero que a Procuradoria-Geral da República (PGR), os órgãos de controle, tomem providências energéticas no sentido da fiscalização e punição”, cobrou.

José Ricardo

“Essas denúncias têm de ser apuradas. De que o ministro da Educação está favorecendo pastores em relação à liberação de emendas, em detrimento a um procedimento que deveria ser uma regra clara e transparente”, protestou José Ricardo.

Por isso, ele defendeu transparência na liberação de emendas parlamentares contra o chamado orçamento secreto.

“Nada pode ser secreto. A Constituição fala que tem de haver prestação de contas e é o que eu faço, cobrando sempre prestação das emendas indicadas. E não são os pastores, os padres, não é a igreja a responsável, não é o papel dela. O papel é dos políticos, dos governantes, dos prefeitos, dos governadores, de cuidar da gestão da administração dos recursos públicos”, criticou.

Ele defendeu que o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) devem apurar essa denúncia.

Sidney Leite

O deputado Sidney Leite considerou “absurdo” o comportamento do ministro. “Uma interferência que não tem critério nenhum, simplesmente aleatória. Isso é que a gente sabe. Não se sabe se a interferência tem desdobramento de corrupção”, disse.

Para ele, é lamentável que entre e sai ministro da Educação e a situação só piora. Citou o caso da lentidão na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

“Temos milhares de obras com dificuldades. O FNDE no Amazonas não tem andamento no pagamento e nem na execução como também programas que não andam”, reclamou.

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