Neuton Corrêa, da Redação
Principal representação política da história de milhões de pessoas que deixaram suas famílias e suas terras atraídos pelo sucesso da Zona Franca de Manaus, o governador Wilson Lima (PSC) finda o primeiro exercício de seus quatro anos de mandato vencendo o preconceito arraigado da sociedade e a desconfiança natural e fermentada por hegemonias que fracassaram com seu triunfo em 2018.
Ao fim de 12 meses no cargo, ele mostra que comandar o maior estado da Federação não é algo divino nem capacidade de meia dúzia de pessoas.
O discurso que escreve é o de que todos são capazes.
Ao contrário do que se propagou, o estado não quebrou; a economia não parou; e serviços públicos foram ampliados, apesar dos gatilhos que recebeu.
Certamente, o atual governo ainda tem muitos problemas para resolver, na saúde, na segurança pública, na produção rural e noutros setores.
Conseguir finalizar o primeiro ano de seu governo, no entanto, implicou administrar e enfrentar o olhar enviesado da sociedade contra a sua chegada ao poder.
Wilson Lima foi o primeiro governador fora do clube criado pelo ex-governador Gilberto Mestrinho, que, em 37 anos, elegeu regularmente apenas cinco políticos ao cargo: o próprio Gilberto, Amazonino Mendes, Eduardo Braga, Omar Aziz e José Melo.
Essas quase quatro décadas criaram uma superestrutura que deve favores a eles nos mais diversos órgãos de poder do Estado, do Judiciário ao mais elementar representante do governo no interior do estado.
As atuais composições do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), por exemplo, foram nomeadas por esses cinco governadores passados.
Além disso, até 2018, Wilson era tão simplesmente um apresentador de TV, um jornalista, um repórter, um político que nunca havia disputado a presidência de um bairro.
Sua própria campanha eleitoral mostrava fragilidades de seu discurso, agora mais denso e a experiência capaz de gerar confiança.
Deve ter sido difícil para ele, nessa estreia, tomar decisões ante a realidade que vivia, já que a liturgia do cargo lhe obriga a contemplar o vale do alto da montanha.
Um ano depois. Wilson é governador. É ele que manda. É ele que decide. A responsabilidade também é dele.
A ficha caiu para todos.
Foto: Secom/Diego Peres, em 2 de outubro de 2019