Desmatamento no AM explode nos três anos de Bolsonaro, acusa estudo

Os dados estão no estudo “A conta chegou: o terceiro ano da destruição ambiental sob Jair Bolsonaro” divulgado pelo Observatório do Clima

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 01/02/2022 às 19:35 | Atualizado em: 01/02/2022 às 19:51

Nos três anos do governo de Jair Bolsonaro (PL) o desmatamento no Amazonas subiu 55% (2.347 km² derrubados), o que fez o estado ultrapassar Mato Grosso (2.263 km²) e assumir a segunda posição no ranking da devastação na Amazônia Legal liderado pelo Pará (5.257 km²).

Os dados estão no estudo “A conta chegou: o terceiro ano da destruição ambiental sob Jair Bolsonaro” divulgado pelo Observatório do Clima (OC) nesta terça-feira (1º).

De acordo com o levantamento, que usou dados do Programa de Cálculo do Deflorestamento da Amazônia (Prodes), a “explosão” do desmatamento se concentra no sul do Estado.

A entidade responsabiliza a perspectiva de asfaltamento da BR-319 como atrativo para o avanço da grilagem na região.

“O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, tenta pavimentar a todo custo. O desmatamento na região pode indicar um surto de grilagem e especulação fundiária em antecipação à obra – uma tendência histórica na Amazônia, como vem ocorrendo no entorno da BR-163, no Estado do Pará, que lidera o desmatamento”, diz o relatório.

O OC diz que se depender de Bolsonaro e dos militares que comandam o país, o “xeque-mate” na Amazônia está garantido com a provável licença para o asfaltamento completo da BR-319, estrada que liga Porto Velho a Manaus.

“Sob Bolsonaro, uma área maior que a Bélgica foi desmatada desde 2019 na Amazônia. Dados da Global Forest Watch mostram que o Brasil liderou a derrubada de florestas primárias no mundo em 2020”, acusou.

Aumento do desmatamento

Com base num estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Observatório diz que a pavimentação vai aumentar o desmatamento no estado em pelo menos quatro vezes até 2050.

“Num dos blocos mais conservados da floresta, a pavimentação vai estimular fluxos migratórios, expansão de atividades agrícolas, ocupação e valorização de terras”, argumentou.

Outra preocupação é que a suposta destruição trazida pela BR-319 não conta com um plano de prevenção.

“E é agravada pelo fato de que, segundo estudo recente, partes da Amazônia já estão perdendo a capacidade de absorver carbono devido aos efeitos combinados do desmatamento e da mudança do clima”, lamentou a entidade.

O OC lembrou que a estrada foi construída na década de 1970, durante a ditadura militar, sem licença ambiental.

“A BR-319 acabou sendo engolida pela floresta em seu trecho central. A obra foi retomada por Tarcísio de Freitas, que é militar da reserva, apesar da falta de estudos de impacto ambiental e de uma licença para os mais de 800 km da rodovia”, criticou.

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Foto: Reprodução/Imazon