‘Enquadrada’ de Lira a Bolsonaro foi fruto de pressĂ£o da CĂ¢mara

Durante a semana, lĂ­deres externaram ao prĂ³prio Lira que nĂ£o estĂ£o dispostos a "afundar junto com o governo". A polĂ­tica sanitĂ¡ria de Jair Bolsonaro Ă© considerada temerĂ¡ria por aliados do presidente da CĂ¢mara

'Enquadrada' de Lira a Bolsonaro foi fruto de pressĂ£o da CĂ¢mara

Publicado em: 25/03/2021 Ă s 14:41 | Atualizado em: 25/03/2021 Ă s 17:25

O duro discurso do presidente da CĂ¢mara, Arthur Lira (PP-AL), recheado de recados ao PalĂ¡cio do Planalto, foi fruto da pressĂ£o polĂ­tica.

Nesta quarta-feira (24), em plenĂ¡rio, ao tratar da pandemia, Lira disse que “tudo tem limite”. Insatisfeito, lembrou de remĂ©dios “amargos” e “fatais”, em referĂªncia a um processo de impeachment. 

Durante a semana, lĂ­deres externaram ao prĂ³prio Lira que nĂ£o estĂ£o dispostos a “afundar junto com o governo”. A polĂ­tica sanitĂ¡ria de Jair Bolsonaro Ă© considerada temerĂ¡ria por aliados do presidente da CĂ¢mara.

Preocupado com a deterioraĂ§Ă£o polĂ­tica e sem condições de avançar na tramitaĂ§Ă£o das reformas, Lira resolveu agir.

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Segundo deputados do centrĂ£o ouvidos pelo GLOBO, o discurso foi um gesto “esperado”, para cessar as cobranças de colegas por um posicionamento mais firme.

Segundo o prĂ³prio Lira, o discurso teve o propĂ³sito de acionar “um sinal amarelo”.

Enquanto Bolsonaro continua a enfrentar governadores e atacar medidas de isolamento, a reuniĂ£o entre poderes foi vista como um gesto polĂ­tico inĂ³cuo.

O problema, identificado pelos parlamentares, Ă© a postura do prĂ³prio Bolsonaro e as consequĂªncias de suas crenças.

O presidente continua a defender o tratamento precoce, sem amparo cientĂ­fico, e vacila na conduĂ§Ă£o da polĂ­tica externa, considerada fundamental para a importaĂ§Ă£o de insumos e compra de vacinas.

Mesmo depois reunir representantes dos trĂªs poderes, o discurso do presidente da RepĂºblica continuou o mesmo, principalmente com a defesa do tratamento precoce.

A postura intensificou a clima de insatisfaĂ§Ă£o. No inĂ­cio da semana, Lira avisou a aliados que criticaria o governo “na quarta-feira” se nĂ£o houvesse indĂ­cios de mudanças por parte do Planalto. Foi o que ocorreu.

Nos bastidores, o deputado doutor Luizinho (PP-RJ), liderança da frente da saĂºde na CĂ¢mara e nome preferido do centrĂ£o para a substituiĂ§Ă£o de Eduardo Pazuello, tem feito alertas diĂ¡rios.

Avisa que as mortes podem chegar Ă  marca de 5 mil por dia se nĂ£o houver mudança de rumo no enfrentamento Ă  pandemia.

Em plenĂ¡rio, lĂ­deres que normalmente sĂ£o comedidos começaram a expressar a insatisfaĂ§Ă£o em tom elevado. Efraim Filho (DEM-PB), por exemplo, cobrou o fim do acirramento polĂ­tico promovido por Bolsonaro.

“O Brasil consegue, por muitas vezes, ser uma NaĂ§Ă£o de uma sĂ³ torcida, de uma sĂ³ camisa, de um sĂ³ povo. Por isso, chega desta briga de brasileiros com brasileiros. Chega de divergĂªncias polĂ­ticas. Basta! A sociedade jĂ¡ deu seu recado: ela estĂ¡ cansada. NĂ£o Ă© mais hora de nĂ³s contra eles. É hora de nĂ³s contra o vĂ­rus. É hora de o Brasil contra o vĂ­rus”, disse.

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Foto: ReproduĂ§Ă£o do Twitter