Entidade faz pesquisa e aponta que falência ronda bares e restaurantes

Mais de 90% acusam dificuldade para pagar salários e se queixam do governo pela demora na prorrogação da carência dos empréstimos

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Mariane Veiga

Publicado em: 19/04/2021 às 12:49 | Atualizado em: 19/04/2021 às 13:32

Pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), realizada entre os dias 1 e 5 de abril, com mais de 2 mil empresários, aponta que os fechamentos impostos por estados em fevereiro e março emparedaram os bares e restaurantes.

De um lado, o faturamento caiu ou até mesmo zerou. De outro, as dívidas acumuladas em 2020 têm de ser pagas. Com isso, a esmagadora maioria se vê em situação crítica, sem ter como honrar dívidas e com enorme problema até mesmo para pagar funcionários.

Nada menos do que 91% disseram enfrentar problemas para pagar os salários de abril – sendo 76% já tiveram dificuldades para pagar a folha de março.

Além disso, 73% tiveram de demitir empregados nos três primeiros meses do ano. Isso é resultado direto do faturamento baixo (82% trabalharam no prejuízo em março) e do alto endividamento: 76% dos respondentes têm algum tipo de pagamento em atraso, principalmente impostos, aluguéis e fornecedores – 70% destes estão com parcelas do Simples vencidas.

“Estamos há mais de dois meses na espera de uma nova MP dos salários, que permita a suspensão de contratos ou redução de jornada, com a contrapartida do BEm, o benefício emergencial. Em janeiro nós já alertamos o governo federal de que a situação ficaria crítica. Sem isso, mesmo caminhando para a reabertura, muitos estabelecimentos não irão aguentar. As ajudas em alguns estados e municípios foram bem-vindas, mas insuficientes”, diz o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.

De acordo com a Abrasel, a demora para reedição da medida contribuiu fortemente para o encerramento definitivo de mais 35 mil empresas do setor alimentação fora do lar, de dezembro até o momento, o que teria impactado cerca de 100 mil postos de trabalho.

Pronampe

Uma das questões que agrava a situação do setor de bares e restaurantes se refere à demora para prorrogação do prazo de carência do Pronampe, a principal linha de crédito para micro e pequenas empresas.

A prorrogação por três meses já foi aprovada pelo governo Federal, no entanto, os bancos tem autonomia para aderir ou não à decisão.

Uma das maiores críticas dos empresários é que a Caixa Econômica ainda não liberou as prorrogações.

“Além da queda no faturamento, que dificulta o pagamento de compromissos, a carência dos empréstimos feitos em 2020 começa a vencer, e os bancos não têm piedade, ignorando até mesmo a determinação do governo em postergar por 3 meses a cobrança”, diz Solmucci.

Dos estabelecimentos que solicitaram empréstimo pelo Pronampe, 80% declaram não ter prorrogado o vencimento das parcelas – sendo que, destes, 55% alegam ter tentado mas receberam negativa do banco, por estarem fora dos requisitos do decreto de prorrogação ou pelos dos próprio requisitos do banco, apesar da determinação do governo federal.

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Foto: Divulgação