Epidemiologista prevê janeiro com recorde de mortes por covid-19 em Manaus
De acordo com Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, estão ocorrendo os mesmos erros quando Manaus registrou os maiores picos do coronavírus

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 31/12/2020 às 11:43 | Atualizado em: 31/12/2020 às 11:51
O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, prevê uma explosão no quadro de mortes pela Covid-19 em Manaus em janeiro. Ele diz que estão ocorrendo os mesmos erros quando a cidade registrou os maiores picos da doença.
“Lamento por minha franqueza, a mesma que tem incomodado e gerado diferentes reações dentro e fora do Amazonas, mas parece que estamos repetindo os mesmos erros da primeira onda”, disse o pesquisador em mais um de seus alertas.
Segundo ele, estão deixando para intervir depois da explosão da curva de contágio viral (Natal e Ano-Novo), da saturação da rede hospitalar e após o número de óbitos disparar, o que inclui as mortes fora do ambiente hospitalar.
“Janeiro quebrará o recorde de mortes por Covid-19 durante a segunda onda em Manaus. Uma pena, pois alertamos incansavelmente a imprensa, o cidadão comum, os trabalhadores de saúde, autoridades sanitárias e os órgãos de controle de dentro e fora do Amazonas”, lamentou.
“O caso é que agora é tarde e só nos resta contar mortos e evitar que a tragédia se estenda, em patamares de calamidade sanitária, até fevereiro”, completou.
Tendas
O pesquisador diz que a montagem de tendas fora dos hospitais é um sinal da “volumosa demanda” reprimida que não pode ser absorvida pela rede hospitalar.
“Essa medida escancara a falta de condições prévias e atuais das unidades de saúde em organizarem de forma segura o atendimento a pacientes suspeitos de Covid-19, igualzinho ao que vimos em abril/maio”, lembrou.
Na sua avaliação, outro indicativo de caos é o aumento da ocupação nos leitos clínicos e de UTIs, que se agravaram nos dois últimos dias.
“Portanto, isto reforça o prognóstico de que qualquer medida que seja tomada depois do Ano-Novo será tardia e apenas evitará o aprofundamento do já caótico quadro sanitário de Manaus”, diz.
E concluiu: “É mais ou menos como chamar o corpo de bombeiros para atender um chamado depois que o local está tomado pelas chamas e desmoronando”.
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Foto: Chico Batata