Um estudo brasileiro sobre a eficácia do emprego da vacina BCG no enfrentamento do coronavírus (covid-19) ganhou, na virada do ano, um terceiro sítio de pesquisas. Ela, que já era realizada no Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul, começará também no Amazonas, que abrirá chamada para voluntários em breve.
A nova praça foi incluída na virada do ano, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical de Manaus . A inclusão tem apoio do Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch, da Austrália, e da Fundação Gates, dos EUA.
Os coordenadores da pesquisa, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que lidera os trabalhos no Brasil, explicam que o grupo de controle conta com mil voluntários. Dentre eles, 50 já adquiriram o coronavírus (covid). Quando este total chegar a 100, será possível fazer uma análise parcial.
Um dos coordenadores do estudo, o infectologista e pesquisador da Fiocruz e da UFMS, Júlio Croda, explica que o recrutamento de voluntários prosseguirá.
A pesquisa utiliza apenas trabalhadores da saúde: qualquer tipo de funcionário de unidades hospitalares que tenha acesso a pacientes com covid.
“O recrutamento vai até fevereiro. Embora tenhamos 50 casos confirmados, ainda não sabemos quem recebeu BCG e quem recebeu placebo. O objetivo é que, no futuro, a vacina seja usada para pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários de vacinação, que demorariam mais para receber alguma das vacinas para covid-19, de acordo com o PNI”, explica Croda.
Vacina rumo a Manaus
As doses de vacina, oriundas da Dinamarca, já estão no Rio e devem ser levadas para Manaus nos próximos dias, para aplicação nos voluntários.
A BCG é utilizada prioritariamente para prevenir a tuberculose, embora seja empregada também para outros fins. Sua aplicação, contudo, é obrigatória no Brasil, para recém-nascidos, desde 1976.
O ensaio clínico da pesquisa, que acontece também em Austrália, Espanha, Holanda e Reino Unido, está na fase três, com 6 mil voluntários recrutados em todo o mundo.
“Depois que os voluntários receberem a vacina que o governo disponibilizar, saberemos os resultados. Saberemos, por exemplo, se a BCG pode potencializar os efeitos da vacina contra a covid-19”, conclui Croda.
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Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília/arquivo