O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) declarou estar arrependido de ter instituído a reeleição para presidente da República.
Após 23 anos da PEC casuística, o ex-presidente se revela incomodado com as articulações do governo Jair Bolsonaro para o reeleger.
O ato do tucano aconteceu em 1997, mediante pagamento de propina para congressistas.
A propina tinha o objetivo de conquistar votos suficientes para aprovar proposta de emenda constitucional.
Em artigo publicado, neste final de semana, ele diz ser preferível um mandato único com cinco anos de duração. O artigo, publicado no Estadão, é reportado pelo portal Gaúcha ZH,
O tucano admitiu o erro ao observar que os presidentes acabam governados pela ambição de permanecer no poder.
Fernando Henrique cita o dilema do ministro da Economia, Paulo Guedes, diante do quadro recessivo da economia.
Segundo o tucano, Guedes sabe que precisa induzir um corte de gastos brutal, mas “terá de fazer a vontade do presidente” Jair Bolsonaro.
Para FHC, a agenda pública de Guedes há meses flerta com a campanha antecipada ao segundo mandato.
“Culpa minha”
“Cabe aqui um ‘mea-culpa’. Permiti, e por fim aceitei, o instituto da reeleição (…). Devo reconhecer que historicamente foi um erro”, conclui o ex-presidente.
Promulgada pelo Congresso em 1997, a emenda da reeleição foi um dos episódios mais polêmicos da crônica política nacional.
Quatro meses após a aprovação do texto pela Câmara, a Folha de S. Paulo confirmou o pagamento de propina. E publicou reportagem denunciando a compra de votos por R$ 200 mil.
Em gravação obtida pelo jornal, o então deputado Ronivon Santiago, do PFL (atual DEM), confessava.
O parlamentar contava a um amigo que ele e outros quatro colegas teriam recebido a propina para garantir os votos.
Quem pagara a propina, conforme a publicação, foram os governadores Orleir Cameli, do Acre, e Amazonino Mendes, do Amazonas.
Santiago relatou ter recebido R$ 100 mil em dinheiro no dia da votação, 28 de janeiro, e o restante por meio de uma empreiteira que mantinha contrato com o governo do Acre.
Os governadores, entretanto, sempre negaram participação no esquema.
A Folha também obteve confissão gravada do então deputado João Maia.
Oito dias após a publicação da reportagem, ambos renunciaram aos mandatos.
E enviaram, ao mesmo tempo, ofícios idênticos ao então presidente da Câmara, Michel Temer (MDB).
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Foto: Instituto Liberal/divulgação