A empresa de energia Eneva, a maior operadora privada de gás natural do Brasil e que tem atuação na bacia do rio Amazonas, quer se tornar “gigante” na transmissão energética, ficando atrás apenas da Petrobrás e Eletrobrás.
Para isso, está propondo uma fusão com a Vibra Energia (ex-BR-Distribuidora), de distribuição de combustível.
A Vibra foi informada por carta, neste domingo (26/11), enviada pela Eneva, mas já estava esperando a formalização da proposta, segundo uma fonte a par do assunto. A Eneva confirmou a existência das negociações mais tarde, por meio de fato relevante.
A Eneva possui ativos de exploração e produção de gás natural situados em quatro estados do Brasil: Amazonas (bacias sedimentares dos rios Amazonas e Solimões), Maranhão (bacia sedimentar do Parnaíba), Mato Grosso do Sul e Goiás (bacia sedimentar do Paraná).
Atualmente, opera 11 campos de gás natural nas bacias do Parnaíba (MA) e Amazonas.
De acordo com o Brazil Journal , que deu a informação com exclusividade, a Eneva está propondo uma relação de troca com a Vibra em 50% das ações das duas empresas.
No fechamento de sexta-feira (24/11), da bolsa de valores (B3), a Eneva valia R$ 20,7 bilhões e a Vibra, R$ 25,9 bilhões.
Portanto, a nova empresa nasce com um valor de mercado da ordem de R$ 50 bilhões e vai se tornar a terceira maior de energia de capital aberto difuso, atrás da Petrobrás e da Eletrobrás.
Segundo o Brazil Jounal, a ideia da transação foi feita pela gestora Dynamo, que é acionista das duas companhias.
A Dynamo, que tem 10,28% de participação na Vibra, e de 10,06%, da Eneva, viu os méritos da transação, uma vez que a Eneva é uma empresa com crescimento relevante, capacidade de investimento comprovada, alto retorno e fluxos de caixa previsíveis. Já a Vibra tem forte geração de caixa.
De acordo com o Valor Econômico, que também publicou reportagem sobre a fusão da Eneva com a Vibra, fontes afirmam que a nova empresa terá liquidez diária de R$ 300 milhões.
A relação de troca proposta de 50% para cada lado está em linha com a média que as empresas negociaram nos últimos seis meses.
Sem controlador
A nova empresa será uma “corporation” (sem controlador definido) e terá Sérgio Rial como presidente do conselho de administração do grupo. Um novo CEO vai ser indicado para a holding. Os executivos atuais — Lino Cançado, da Eneva, e Ernesto Pousada, da Vibra, ficam na liderança das companhias.
“Com a fusão, a nova empresa buscará se fortalecer no setor de renováveis, com capacidade de contribuir para a substituição de combustíveis com menor pegada de CO2 para sua base de clientes, baseado em energia eólica, biogás e etanol. A Eneva está sendo assessorada pelos bancos BTG Pactual e pelo Itaú BBA”.
Méritos da fusão
Na visão de especialistas, a fusão da Vibra com a Eneva cria a terceira maior empresa de energia do Brasil em valor de mercado — atrás apenas da Petrobrás e Eletrobrás — e juntaria dois negócios com complementaridades brutais, abrindo espaço para um crescimento robusto nos próximos anos.
A Vibra terá faturamento de R$ 160 bilhões este ano contra a apenas R$ 8 bilhões na Eneva. Mas na comparação de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda), as duas empresas estão praticamente iguais: enquanto a Vibra deve fazer um ebitda de R$ 4,7 bilhões, este ano, a Eneva deve fazer R$ 4,3 bi.
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Em outras palavras, o negócio da Vibra tem uma margem lucro de apenas 3%, enquanto na Eneva a margem é superior a 50%.
Na visão dos acionistas da Eneva, a empresa combinada teria condições tanto de investir todo o caixa gerado em crescimento (para acelerar de forma relevante o ritmo de expansão), quanto de investir parte em crescimento e mesmo assim continuar pagando dividendos.
Eneva no Amazonas
Eneva mais do que dobrou reservas de gás na bacia do Amazonas.
De acordo com auditoria da empresa, feita em abril deste ano, as reservas de gás natural da empresa mais do que dobraram desde o encerramento de 2021 – de 7,109 bilhão de m³ (Bm³) para 14,8 Bm³, em quatro meses.
Os números totais divulgados pela Eneva, de 14,8 Bm³ de gás e 4,7 milhões de barris de óleo, se referem às reservas 2P.
“Incorporamos volumes significativos às reservas 2P, que mais do que dobraram. Esse resultado reflete novas informações adquiridas, que mais do que confirmam nosso entusiasmo com o potencial do campo de Azulão e com a Bacia do Amazonas como um todo”, afirma o diretor de Operações, Lino Cançado.
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Foto: divulgação