Da Redação do BNC Amazonas em Brasília
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), fez coro com os chefes do Poder Executivo dos estados de Santa Catarina, Bahia, Ceará e Piauí da defesa de um pacto nacional entre os três Poderes da República, a União, estados e municípios contra a pandemia do coronavírus (covid-19).
Em audiência na comissão temporária do Senado, que acompanha as ações contra a covid-19 (CTCovid19), nesta quinta-feira, dia 11, os governadores afirmaram que buscam estratégias para acelerar a vacinação, com a meta de chegar a 70% da população até julho.
Um dos caminhos apontados é empreender um esforço diplomático para garantir um “tratamento diferenciado” ao país.
Wilson Lima (PSC) disse que a vacinação precisa ser uma estratégia nacional e entrar no plano nacional de imunização.
Ele explicou que mesmo com a redução de casos e internações no Amazonas – primeiro estado a atingir colapso no sistema de saúde – ainda não é possível prever como se comportará o vírus nos próximos meses.
“Ainda não sabemos o que acontecerá no futuro em relação ao comportamento do vírus. Então, há a necessidade de a gente vacinar com maior rapidez possível. Não queremos vacina de graça, a gente compra, porque entende a real necessidade que o país tem de receber a vacinação”, declarou.
Para o governador amazonense, essa tem que ser uma estratégia nacional, que tem que entrar no plano de imunização.
“Disso nós não abrimos mão, até para não causar um desequilíbrio no país”, ressaltou.
Coordenação nacional
Os governadores integram um grupo de 21 gestores estaduais que assinaram uma carta por um pacto nacional entre os poderes no combate à crise.
Eles defendem a criação de um comitê que conduza as ações de enfrentamento à pandemia que contaria com a participação de integrantes do Executivo, Legislativo e Judiciário e de todos os níveis da federação.
Na avaliação dos governadores, essa coordenação nacional pode acelerar a aquisição de vacinas.
A ideia, segundo eles, é seguir o plano nacional de vacinação contra a covid-19, mas com um cronograma efetivo que permita vacinar 70% da população até julho.
“Nós vamos ter a necessidade de ter um cronograma para até julho vacinarmos 70% ou mais da população e toda e qualquer vacina, seja comprada pelos municípios, por estados ou pelo governo federal, tem que ser do plano nacional”, declarou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Medidas restritivas
Segundo os governadores, sem vacina suficiente para imunizar ao menos 70% da população, o lockdown , o isolamento social e outras medidas restritivas de circulação e de funcionamento de atividades seguem como necessárias.
Eles destacaram os efeitos no arrefecimento dos números de casos e mortes em cidades e estados que seguiram essas estratégias.
O governador Wilson Lima afirmou que as medidas de restrição ajudaram a atenuar a propagação da covid-19.
Ele admitiu que esse tipo de ação é visto com antipatia por parte da população e do setor produtivo, mas afirmou que tem buscado um equilíbrio a partir do diálogo com a sociedade.
“A gente tem alguns estudos que indicam que as medidas que tomamos de restrição foram muito efetivas não só para evitar a questão da transmissibilidade do coronavírus, mas também para evitar outras causas que possam ocupar os hospitais com outros tipos de doenças e procedimentos (facadas, ferimento por bala, acidentes de trânsito etc.)”, disse.
Wilson Lima citou como exemplo a restrição de circulação de pessoas entre 19h e 6h ocorrida no estado do Amazonas.
Evolução da pandemia no AM
Na audiência, o governador também apresentou números da pandemia no Amazonas.
Lembrando que o estado foi o primeiro a atingir o nível mais agudo de casos da covid-19 no país, o governador disse que hoje há em torno de 11 mil óbitos e que 70% das pessoas acima de 60 anos estão morrendo.
“Por isso, a necessidade de haver urgência em imunizar esse grupo e aquelas pessoas com comorbidades”, disse Wilson Lima.
De acordo com o governador, com os avanços na rede de saúde e na redução da taxa de transmissão, o estado começa a sair da fase mais crítica deste segundo pico da pandemia.
A taxa de transmissão no Amazonas, que chegou a 1,3, a maior entre os estados do país, agora está na ordem de 0,87, o que significa que cada cem pessoas contaminadas transmitem para outras 87.
Consumo de oxigênio
Ao comentar a evolução de casos e internações que ocorre neste momento em outros estados, Wilson Lima destacou o aumento brusco do consumo de oxigênio durante o segundo pico da pandemia no estado, que saltou de 15 mil m³ por dia para 80 mil m³ por dia.
Wilson Lima lembrou que, ainda no ano passado, a rede de saúde foi preparada para um possível aumento do número de casos, baseado nos atendimentos realizados no primeiro semestre de 2020. Mas, no início deste ano, a quantidade de internações triplicou, superando a expectativa do estado.
A escassez de insumos básicos e de mão de obra especializada, principalmente médicos e enfermeiros, e a majoração dos preços também foram problemas enfrentados pelo estado e citados por Wilson Lima na audiência.
Ambiente de otimismo
Para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a busca desesperada de governadores e prefeitos pela imunização da população contra a covid-19 começa a dar lugar a um ambiente de relativo otimismo após ação do Congresso Nacional que permitiu a sanção da Lei 14.125.
“Então, nós temos hoje um ambiente de algum otimismo, embora ontem tenha sido o pior dia da pandemia, mas de algum otimismo, em que nós começamos a reagir com inteligência, com eficácia na aquisição dessas doses de vacinas, especialmente dessas indústrias que tinham cláusulas restritivas”, avaliou Pacheco.
*Com informações da Agencia Senado e do Governo do Amazonas
Foto: reprodução/vídeo