Governo experimenta derrota em grande teste de força na ALE-AM

Publicado em: 21/12/2017 Ă s 07:16 | Atualizado em: 21/12/2017 Ă s 07:16

Por Rosiene Carvalho, da RedaĂ§Ă£o

 

O Governo do Estado experimentou, nesta quarta-feira, dia 21/12, o gosto da derrota numa votaĂ§Ă£o sem o peso do rolo compressor com o qual, em geral e historicamente, o Executivo aprova mensagens governamentais, leis  orçamentĂ¡rias e atĂ© mesmo vetos a projetos aprovados na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas  (ALE-AM).

Nas palavras do  deputado Berlarmino Lins (Pros), que  estĂ¡ em seu  sĂ©timo mandato na Casa e Ă© um sĂ­mbolo no parlamento amazonense da conduĂ§Ă£o de votações sem o mĂ­nimo fĂ´lego para oposiĂ§Ă£o, a ALE-AM viveu nesta quarta “um momento sui generis”.

“Isso aqui virou um parlamento mesmo”, brincou BelĂ£o, como Ă© conhecido.

Embora na votaĂ§Ă£o desta quarta, a ALE-AM tenha votado e aprovado, alguns com votos da oposiĂ§Ă£o, sete dos oito projetos do Governo, a votaĂ§Ă£o foi regida pela oposiĂ§Ă£o liderada pelo presidente da Casa, David Almeida (PSD).

Teve debate de matĂ©rias; amplo espaço e tempo para duras crĂ­ticas ao Governo; aprovaĂ§Ă£o emendas ao orçamento (que nĂ£o eram as impositivas) feitas por parlamentares da oposiĂ§Ă£o, Alessandra CampĂªlo (PMDB) e JosĂ© Ricardo (PT).

Ao  final da votaĂ§Ă£o, o petista foi falar com a imprensa com as emendas nas mĂ£os e parecia ele prĂ³prio nĂ£o acreditar que as tinha aprovado.  Por vĂ¡rias vezes, em votaĂ§Ă£o da Lei OrçamentĂ¡ria  Anual (LOA), JosĂ© Ricardo fez discurso sem eco e emendas rejeitas.

“Cada uma das emendas que protocolizamos surgiu de demandas vindas da populaĂ§Ă£o, seja em AudiĂªncias PĂºblicas ou em reuniões realizadas na capital e no interior do Amazonas”, disse.

AlĂ©m disso, o Governo teve que ceder em projetos mais polĂªmicos,  considerados importantes politica e economicamente, para serem aprovados; mensagens governamentais foram retiradas de pauta para nĂ£o serem rejeitas e deverĂ£o retornar nesta quinta-feira, 21, com os ajustes da oposiĂ§Ă£o.

A base governista viu  a renegociaĂ§Ă£o de dĂ­vidas com o BNDES, de interesse do governo, ser  aprovada por uma maioria apertada em que o posicionamento de trĂªs parlamentares considerados de oposiĂ§Ă£o foi fundamental para a aprovaĂ§Ă£o.

O deputado SinĂ©sio Campos (PT) se ausentou do plenĂ¡rio, o  deputado Augusto Ferraz (DEM) votou  com o Governo e o  deputado Ricardo Nicolau (PSD), um dos fiĂ©is escudeiros de David Almeida quando o mesmo era governador interino, gaguejando  anunciou que ia se abster naquela votaĂ§Ă£o, garantindo assim a maioria Ă  proposta governista de ficar sem pagar as mensalidades dos emprĂ©stimos por dez anos.

“O voto é  seu deputado. Fique a vontade”,  ouviu Nicolau de David Almeida em tom sĂ©rio durante a votaĂ§Ă£o da renegociaĂ§Ă£o da dĂ­vida.

Por  fim, a estratĂ©gia da obstruĂ§Ă£o da pauta,  geralmente adotada  no parlamento nacional pela oposiĂ§Ă£o que, via de regra, toma essa atitude por ter minoria e nĂ£o ter como confrontar o Governo no voto foi a manobra da base governista para interromper a votaĂ§Ă£o.

ApĂ³s emendas ao orçamento, que haviam sido rejeitadas na ComissĂ£o de Orçamento e Finanças presidida pelo deputado governista JosuĂ© Filho (PSD), serem aprovadas no plenĂ¡rio a base se retirou do plenĂ¡rio.

Ao final da sessĂ£o, era possĂ­vel ver no semblante dos parlamentares da oposiĂ§Ă£o e nos comentĂ¡rios deles em avaliaĂ§Ă£o de que tiveram bom desempenho para impedir que o Governo exercesse na Casa o “modus operandis” das ex-gestões, inclusive a de David Almeida.

Na base, parlamentares demonstravam irritaĂ§Ă£o  e se organizavam para reuniões para definir que posturas adotariam  na  sessĂ£o  desta quinta-feira, Ăºltima  do ano, quando  deve ser votada a Lei OrçamentĂ¡ria, que prevĂª recurso  de mais de R$ 15  bilhões para o ano eleitoral , com as emendas impositivas.

Ficou para ser votada nesta  quinta-feira tambĂ©m o projeto  do governo que quer conceder  isenĂ§Ă£o do IPVA por dez anos para os  empresĂ¡rios do transporte pĂºblico convencional. A  oposiĂ§Ă£o  quer que a isenĂ§Ă£o  seja, no  mĂ¡ximo, de quatro  anos e  se estenda ao transporte executivo e alternativo.

Veja entrevista do presidente da ALE-AM  apĂ³s a votaĂ§Ă£o:

 

Foto: Arquivo/BNC