Hapvida: quais erros levam ao inferno da quase falência?

Companhia era avaliada em cerca de R$ 87 bilhões, mas no fechamento do pregão da última quarta-feira (15/3), a cifra era de meros R$ 17,7 bi.

Hapvida respira por aparelhos após tombos seguidos

Diamantino Junior

Publicado em: 17/03/2023 às 13:02 | Atualizado em: 17/03/2023 às 13:02

Matéria de Jasmine Olga, publicada no portal Seu Dinheiro, apresenta um raio-X dos problemas que levaram a operadora de saúde Hapvida a viver um inferno no mercado de ações e quase ir à falência.

Acompanhe um dos principais trechos da reportagem.

No dia 1º de março, a B3 viu uma cena que se repetiu poucas vezes em sua história: uma ação derretendo mais de 30%, em meio a um balanço apenas marginalmente pior que o esperado. A protagonista do tombo homérico foi a Hapvida (HAPV3) — que, desde então, acumula uma queda de quase 50%. 

Apesar de o episódio ser um marco na história da operadora de saúde, o pesadelo não teve início naquele momento. Num passado não muito distante, a ação era a menina dos olhos de grande parte do mercado; agora, o papel já acumula baixa de mais de 70% nos últimos 12 meses.

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Para quem acompanhou a excitação e o burburinho que a fusão entre Hapvida e NotreDame Intermédica causou ao ser anunciada em 2021, fica difícil imaginar as razões para tamanho pessimismo do mercado neste momento. 

Na teoria, o casamento do século seria imbatível: complementaridades geográficas, operações eficientes e um objetivo comum.

Na prática, a convivência dentro do mesmo teto tem se mostrado complicada e uma verdadeira dor de cabeça — e é aí que mora uma das grandes desilusões dos investidores. 

A conclusão da fusão dos negócios só veio em fevereiro de 2022, depois de meses de discussão e aprovação dos órgãos regulatórios. No dia 14 do mesmo mês, as ações GNDI3 deixaram de ser negociadas na bolsa. 

Esperava-se o nascimento de uma gigante na bolsa, mas, de lá pra cá, o valor de mercado da Hapvida foi pulverizado. Logo após a conclusão da fusão, a companhia era avaliada em cerca de R$ 87 bilhões; no fechamento do pregão da última quarta (15), a cifra era de meros R$ 17,7 bi.

O valor de mercado atual equivale a menos da metade do market cap da Hapvida ou da NotreDame Intermédica quando consideradas isoladamente, antes da operação ser completada. 

À primeira vista, pode até parecer que os problemas da companhia se resumem ao balanço do quarto trimestre, mas a verdade é que, ao longo do último ano, uma série de erros foram cometidos — e os investidores parecem ter perdido a confiança e paciência com a gestão.

A decepção não se restringiu apenas ao desempenho da empresa no quarto trimestre. Ainda houve um agravante: poucos dias após a divulgação do balanço, a Hapvida informou que estuda a venda de ativos não estratégicos e até mesmo a possibilidade de se realizar um aumento de capital por meio de uma nova emissão de ações (follow on). 

Olhado pelo lado positivo, a clareza da Hapvida sobre os planos que estão na mesa mostram que alternativas estão sendo consideradas, mas, no geral, prevaleceu a leitura negativa do cenário. Ou seja: os problemas podem ser bem maiores do que os imaginados. 

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Foto: BNC Amazonas