A três meses da eleição da mesa diretora da Câmara dos Deputados, o candidato Hugo Motta (Republicanos-PB) já conta com os apoios do atual presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), do Palácio do Planalto, diga-se presidente Lula da Silva, e de oito dos maiores partidos.
Dessa forma a primeira coalização partidária, em torno da candidatura de Hugo Motta, é formada por: Republicanos, Podemos, MDB, PL, PP, PT PCdoB e PV (Federação Brasil da Esperança).
Com isso, o jovem deputado paraibano de 35 anos já teria votos suficientes para se eleger no primeiro turno da eleição ou seja: 257 votos.
Dentre os oito deputados federais do Amazonas, pelo menos, três deles já declararam apoio ao candidato: Silas Câmara e Adail Filho, do Republicanos, e o Capitão Alberto Neto, do PL.
Já os deputados Átila Lins e Sidney Leite, do PSD; Saullo Vianna e Fausto Jr, do União Brasil, assim como Amom Mandel, do Cidadania, ainda não definiram apoio. Aguardam decisão de seus partidos.
Além do deputado Hugo Motta, há nomes que poderão entrar na disputa: o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, e o líder do PSD, Antônio Brito, ambos da Bahia.
No entanto, essas duas candidaturas estão fadadas a fracassar porque os principais atores dessa disputa, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente Lula, já definiram apoio a Hugo Motta.
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Confiança
“Estou confiante em apoiar a candidatura de Hugo Motta à presidência da Câmara dos Deputados. Com o respaldo de diversos partidos, incluindo Republicanos, Podemos, PT, PL, PC do B, MDB, PV e PP, a candidatura vem sendo construída com dedicação e aceitação de todos. Hugo Motta é uma pessoa equilibrada e comprometida com as necessidades da nossa população. Vamos juntos nessa jornada”, declarou voto, nas redes sociais, o deputado federal Adail Filho (Republicanos-AM).
Incertezas
Já o deputado federal Sidney Leite (PDS-AM) afirma que, até o momento o partido continua com a candidatura do líder Antônio Brito e que o acordo com o União Brasil, de Elmar Nascimento, ainda está de pé.
“Além disso, temos a questão da Zona Franca de Manaus, pois, já tivemos candidatos que se comprometeram com o nosso modelo industrial, elegeram-se e depois roeram a corda” , declarou. Ele se referia ao deputado Arthur Lira.
Contra a ZFM
Ainda fazendo uma crítica ao “candidato da maioria”, Sidney Leite complementou:
“Também não dá para esquecer que o deputado Hugo Motta apresentou um destaque [na reforma tributária], a pedido do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, contra a Zona Franca de Manaus, quando votamos a proposta de emenda à Constituição. A eleição é só em fevereiro, portanto, esse apoio precisa ser bem construído e dialogado. Mas, meu candidato continua sendo Antônio Brito, mantendo o acordo entre o PSD e União Brasil”,
Já o segundo membro do PSD, Átila Lins, vai aguardar a decisão do partido para se manifestar sobre o voto a presidente da Câmara dos Deputados.
Sem fechamento
Por outro lado, o membro do União Brasil, deputado Saullo Vianna, da bancada do Amazonas, afirmou que ainda não há acordo fechado de seu partido com a candidatura de Hugo Motta.
“Pode ser que tenha, pode ser que aconteça, porque em política tudo pode. Mas, hoje, não existe nenhum tipo de fechamento com Hugo Mota. O Elmar Nascimento é candidato”, ressaltou Vianna.
Mesmo assim, o parlamentar reiterou que o presidente e vice do União Brasil, Antônio Rueda e ACM Neto, respectivamente, são os responsáveis para fazer esse diálogo e costuras políticas.
“Os nossos dirigentes é que vão encontrar a melhor solução. Se é uma candidatura própria ou se recua para poder fazer uma composição. Mas, até hoje, não tem nada definido. Está tudo em compasso de negociação”, reiterou Saullo Vianna.
Pautas do Amazonas
Independentemente de quem seja o candidato, seja Hugo Motta, Elmar Nascimento ou Antônio Britto, Vianna destacou dois pontos, que ele considera fundamentais, para a bancada do Amazonas tratar com o candidato a presidente que vai apoiar.
De acordo com o parlamentar, o primeiro ponto inegociável é a manutenção da Zona Franca de Manaus.
“A gente precisa ter o compromisso do próximo presidente da Câmara de que nada que prejudique a Zona Franca possa ser aprovado”, destacou.
E o segundo ponto que Saullo Vianna vê como importante é o compromisso do próximo presidente pautar a redistribuição do número de deputados, que vai aumentar duas vagas para o estado do Amazonas.
Por fim, o deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) foi o único a não se manifestar sobre a eleição da mesa diretora da Câmara dos Deputados.
Processo
A eleição para presidência da Câmara dos Deputados – biênio 2025-2026 – será realizada por voto secreto e eletrônico e acontecerá em 1º de fevereiro do próximo ano.
Segundo o regimento interno da casa, o deputado que receber a maioria absoluta dos votos (50% dos membros + 1) é eleito presidente da casa. A Câmara tem 513 deputados federais. Logo, vence a disputa, em primeiro turno, quem tiver 257 votos.
Caso nenhum candidato alcance esse número, os dois mais votados seguem para um segundo escrutínio. Neste, vence aquele com a maioria simples dos votos, presentes a maioria absoluta dos membros. Permanecendo o empate, é eleito o deputado com maior idade.
Foto: Mária Agra/Câmara dos Deputados