Por Rosiene Carvalho , da Redação
O movimento indígena, liderado pela Rede de Mulheres Indígenas, apresentou uma carta de pedidos ao novo diretor-presidente da Fundação Estadual do Índio (FEI), Amílton Gadelha, requisitando, entre outras questões, uma reunião com o governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PDT).
Na semana passada, indígenas fizeram manifestação contrária à nomeação de Amílton Gadelha para a FEI. Criticavam a falta de consulta às lideranças indígenas sobre o cargo.
Oito entidades indígenas querem um encontro com o governador em “caráter de urgência”. O movimento defende a retomada da linha de diálogo entre os povos indígenas e a administração estadual do Amazonas. A carta foi entregue há uma semana a Amílton Gadelha.
“Sem esse momento não teremos como falar que o governador realmente abriu diálogo com os povos indígenas. Estamos discutindo todos os assuntos e temos a expectativa que o Estado vai entender. Queremos saber se o Governo tem interesse de aproximar os povos indígenas ou vai fazer rolo compressor em cima de todos como se a gente não existisse”, afirmou a coordenadora da Rede de Mulheres Indígenas do Estado, Raquel Macedo Munduruku, umas das oito entidades que assinam a carta.
Na carta, as entidades indígenas afirmam que o elo foi rompido no governo anterior de José Melo (Pros) tendo como principal marco desta ruptura a extinção da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind).
“Nos dois últimos anos, o processo de respeito e compromisso entre os povos indígenas e o Governo do Estado do Amazonas foi interrompido pelo Governo José Melo, que extinguiu a Seind”, afirma trecho da carta entregue a FEI a Amazonino.
Além da audiência em caráter de urgência com o governador, as entidades colocam na pauta do diálogo com o Governo o fortalecimento do Conselho Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas e a realização de assembleia dos povos indígenas do Estado.
“Mais uma vez queremos dialogar com o Governo para apresentar nossas demandas e anseios. Diante desta situação, a Coiab e as Organizações e Povos Indígenas do Amazonas se posicionam a favor de organizar e dar a continuidade nas políticas públicas indígenas a partir da instituição e instâncias estaduais criadas para este fim”, afirma outro trecho da carta.
Raquel Munduruku afirmou que a questão indígena, as discussões e a apresentação de soluções a problemas do Amazonas sobre a questão, adiados na gestão anterior, são urgentes e precisam de uma atenção séria do Estado.
“A gente está montando formalmente essa proposta de agenda positiva. Com a extinção da Seind no Governo José Melo, a gente ficou nesse impasse e restringiu muito a participação das comunidades regionais do Estado, estamos muito distanciados das políticas públicas”, avaliou Raquel Munduruku.
Entidades
Assinam a carta entregue a Amazonino Mendes as seguintes entidades indígenas: Rede Mulheres Indígenas do Amazonas, Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno, Movimento de Estudantes Indígenas do Amazonas, Fórum de Educação Escolar Indígena do Amazonas, Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro, Federação das Organizações dos Caciques e Comunidades Indígenas da Tribo Ticuna (FOCCIT), Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn).
FEI
O diretor-presidente da FEI, Amilton Gadelha, afirmou que já levou o pedido ao chefe da Casa Civil, Sidney Leite (Pros), e que a informação que recebeu é que o governador Amazonino Mendes já sinalizou que irá receber as lideranças indígenas.
Em função de outras reuniões já marcadas, segundo Gadelha, é possível que a audiência das lideranças indígenas com Amazonino ocorra em novembro.
“Sidney Leite está buscando, para o mais breve possível, essa agenda para que o governador possa receber essas lideranças na sede (…) Acho que, em outubro, não será mais possível”, disse.
Amilton Gadelha afirmou que, em uma semana à frente da FEI, já foi à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). “A orientação do Governo é dialogar e ouvir, elo que foi mesmo rompido com os povos indígenas”, disse o diretor-presidente da FEI.
Demandas
Gadelha afirmou que na carta apresentada pelas entidades indígenas há mais de 30 questões que são tratadas pelos indígenas como prioridade, entre as quais, melhorar os meios de comunicação entre as populações indígenas, criar uma casa do estudante indígena em Manaus e o ordenamento dos indígenas que vivem no entorno de Manaus.
Governo
No terceiro Governo Amazonino Mendes, foi criada a Fundação Estadual das Populações Indígenas (Fepi), na ocasião, comandada pelo professor Ademir Ramos. No Governo Eduardo Braga, a Fepi foi transformada em secretaria, a Seind. O governador cassado José Melo extinguiu a pasta e criou a Fei.