Interiorizar e diversificar a economia do Amazonas: Wilson Lima fez

O governador, em dois mandatos, realizou o sonho do estado de reduzir a dependĂªncia da ZFM. Os polos de gĂ¡s e potĂ¡ssio sĂ£o realidade

Neuton CorrĂªa, da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas

Publicado em: 09/04/2024 Ă s 18:20 | Atualizado em: 09/04/2024 Ă s 19:20

Eleito em 2018 sob olhares desconfiados da elite polĂ­tica e intelectual do estado, e hoje no segundo mandato consecutivo, o governador Wilson Lima (UniĂ£o Brasil) põe em prĂ¡tica um antigo sonho do Amazonas.

Qual sonho? O de reduzir sua extrema dependĂªncia da Zona Franca de Manaus (ZFM). Mais de 80% da economia do estado estĂ£o ancorados no faturamento das empresas do polo industrial de Manaus. A grande maioria delas de capital estrangeiro.

O sonho Ă© tambĂ©m de se livrar do humor, principalmente do mau humor, dos polĂ­ticos de BrasĂ­lia, de polĂ­ticos geocĂªntricos que nĂ£o admitem o desenvolvimento da regiĂ£o Norte do paĂ­s.

HĂ¡ bem pouco tempo, com Bolsonaro (2019-2022), a ZFM sobreviveu a intensas tentativas de extingui-la.

Esse foi o mais recente ataque. Historicamente, a ZFM sempre foi alvo de movimentos do prĂ³prio governo central contra a existĂªncia do Ăºnico modelo de desenvolvimento econĂ´mico legado Ă  regiĂ£o.

O ex-governador JosĂ© Serra, de SĂ£o Paulo, quando ministro da economia do governo FHC (1995-2003), foi uma espinha atravessada na garganta do Amazonas.

Nem vou falar dos governos paulistas que atacaram o modelo com ações no STF (Supremo Tribunal Federal).

O discurso de que a economia do Amazonas deveria ser descentralizada de Manaus, a sede da ZFM, é antigo. Desde o governo Fernando Collor de Mello (1990-1992), pelo menos, que escancarou o país às importações, se prega a necessidade de interiorizar e diversificar a economia do estado.

Foi com Collor, portanto, que percebeu-se que a ZFM era forte, porĂ©m, ao mesmo tempo, frĂ¡gil.

Tanto Ă© assim que o ex-governador Amazonino Mendes tentou ampliar, diversificar e interiorizar a economia estadual com o programa agrĂ­cola Terceiro Ciclo. NĂ£o deu certo.

Depois se seguiram tentativas igualmente fracassadas, como a dos ex-governadores Eduardo Braga, com o Zona Franca Verde, e JosĂ© Melo, que foi cassado antes de colocar em prĂ¡tica seu plano de exploraĂ§Ă£o mineral.

O Amazonas, dessa forma, seguiu dependente das multinacionais instaladas em Manaus.

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Reviravolta

Hoje, quase seis anos apĂ³s sua primeira experiĂªncia na polĂ­tica, eleito na disputa com os caciques histĂ³ricos do estado, Wilson Lima consegue, efetivamente, pĂ´r de pĂ© o que seus antecessores tentaram e nĂ£o conseguiram.

Ele, dessa forma, pode bater no peito e afirmar categoricamente que realizou o sonho do Amazonas. A economia e a riqueza estĂ£o compartilhadas com o interior do estado.

Lima pode falar com satisfaĂ§Ă£o de ter implantado atĂ© agora dois grandes polos que vĂ£o alçar o Amazonas a um outro patamar de desenvolvimento socioeconĂ´mico. SĂ£o eles o de gĂ¡s natural e de potĂ¡ssio, nos municĂ­pios de Silves e Autazes, respectivamente.

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GĂ¡s e potĂ¡ssio

O governador trabalhou para cimentar essas conquistas. Por exemplo, em 2021 implantou a Lei do GĂ¡s, dando condições aos investimentos da Eneva na exploraĂ§Ă£o do gĂ¡s em Silves.

Hoje, a empresa gera 250 empregos diretos em sua operaĂ§Ă£o. AlĂ©m disso, emprega mais 800 em suas obras.

AtĂ© o ano que vem, auge das obras, hĂ¡ expectativa de abertura de 5 mil vagas de empregos, com investimento de quase R$ 7 bilhões atĂ© 2026.

O outro polo que vai trazer em bem pouco tempo um salto espetacular Ă  regiĂ£o do rio Madeira Ă© o de fertilizantes, em Autazes.

LĂ¡, a empresa PotĂ¡ssio do Brasil prevĂª gerar, de cara, uns 1,3 mil empregos sĂ³ para as suas obras de instalaĂ§Ă£o. Quando começar a extrair a silvinita do solo, essa demanda por trabalhadores pode chegar a 17 mil.

Enquanto durar a vida dessa mina, estimada em mais de duas dĂ©cadas, sĂ³ a empresa concessionĂ¡ria da exploraĂ§Ă£o deve gerar cerca de R$ 25 bilhões aos cofres de Autazes, do Amazonas e do governo federal.

É evidente que os nĂºmeros robustos ainda guardam distĂ¢ncia com o faturamento do polo industrial da ZFM.

No entanto, as raĂ­zes de novas matrizes econĂ´micas que Lima inaugura em seu governo jĂ¡ permitem sonhar com um futuro alvissareiro para a economia do Amazonas.

E olha que ainda faltam entrar os investimentos em um capital muito particular do estado: o turismo.

Foto: divulgaĂ§Ă£o/Secom