O Amazonas acorda nesta quarta-feira, 2, com uma demagogia do ministro da Economia do Governo Bolsonaro, Paulo Guedes, de prometer ao país um corte linear do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
A ideia é reduzir o custo de vida e tentar conter a alta da inflação, que já está em dois dígitos.
Mas, no pano de fundo da medida, está o aumento da arrecadação de estados e municípios e o incômodo que isso está causando a Guedes.
Os gestores públicos estão convertendo esse em aumento de arrecadação em melhoria salarial de servidores públicos.
Acontece que, além de penalizar os servidores públicos estaduais e municipais Brasil afora, a redução do IPI atinge em cheio a Zona Franca de Manaus (ZFM).
É que o IPI é o principal componente da oferta que o governo federal faz para atrair e manter plantas industriais no Amazonas. Com o tributo mais baixo, o modelo deixa de ser atrativo.
Assim, investimentos e negócios podem deixar de vir para a ZFM e se instalar no Sudeste, região industrial do Brasil, ou até mesmo migrar para outros países.
Perigo
O perigo de isso acontecer no estalar dos dedos é iminente, já que o governo federal pode reduzir o imposto apenas com uma canetada, sem passar pelo Congresso.
Assim, também, não passaria pela resistência da Bancada do Amazonas.
A hipótese da canetada não é descartada.
O ministro Paulo Guedes nunca escondeu sua aversão ao modelo de desenvolvimento instalado em Manaus, mas sempre teve suas intenções de prejudicar a Zona Franca de Manaus tolhidas pela bancada federal do Amazonas.
Ocorre que com a aproximação das eleições e sem ter entregue nada que prometeu nestes três anos à frente do ministério, o Posto Ipiranga da economia, agora, enfraquecido, tem agido na surdina.
Mas o principal sinal de que a canetada do IPI pode vir é o fato de que essa possível redução não prevê reforma do tributo, muito menos chamou discussão com os principais interessados.
Nesse caso, pode-se falar da falta de discussão do assunto com a Fieam e o Cieam e com o governo do Amazonas. Este, por sinal, caminha no sentido contrário de Guedes. Tanto que prorrogou no fim do ano passado sua lei de incentivos fiscais à ZFM.
Caso Paulo Guedes tome essa decisão e reduza o IPI sem buscar a manutenção das vantagens da ZFM, o Amazonas poderá, de fato, sentir o peso da caneta do Presidente Jair Bolsonaro com prejuízos aos empregos, investimentos e a arrecadação do Amazonas a de Manaus.