Neuton Corrêa, da Redação
Autoproclamado líder político regional, sem, contudo, sequer, ter um partido próprio, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), deputado Josué Neto, passou a colecionar uma série tropeços políticos nos últimos meses.
Ontem, por exemplo, após decisão já tomada pelo governo, soltou nota oficial pedindo revogação do reajuste do salário do segundo escalão do Estado e cobrando devolução dos valores pagos.
Além do retardo na cobrança, Josué acabou, também, expondo a irmã Luciana Holanda, ex-secretária de Estado de Desburocratização, que recebeu R$ 11.700 em setembro e R$ 25.254,00, nos meses de novembro e dezembro, antes de ser exonerada.
Avesso ao Josué paz e amor que marcou sua passagem pelo comando do Poder entre 2013 e 2016, sua volta ao cargo, em 2019, trouxe-lhe perspectivas frustradas e um comportamento beligerante, em mudança de postura.
No fim do ano, atacou o aliado que lhe deu duas vezes a presidência da ALE-AM, o senador Omar Aziz, queixando-se do fato de não ter sido liberado para se filiar ao PTB, que acabou perdendo por não levar adiante projeto de candidatura a prefeito pela sigla.
Também foi depois de perder o PTB que ele passou a criticar e a criar dificuldades ao governo no Parlamento estadual, apoiando a oposição que chegou a formalizar pedido de impeachment do governador.
O posicionamento, porém, lhe rendeu isolamento na Casa.
Eleito por unanimidade, em fevereiro de 2019, oito meses depois já estava sem apoio dos colegas, que chegaram a fazer uma confraternização de fim de ano sem convidá-lo para a festa.
Ao contrário da perspectiva de poder que tinha quando assumiu a Presidência da ALE-AM, com a possibilidade de comandar o governo com uma eventual cassação do mandato de Wilson Lima pelo TRE-AM, de vir a ser substituto de seu pai no TCE-AM no ano que vem e/ou obter reeleição no cargo atual, Josué já sabe que esses são horizontes cada vez mais distantes do seu olhar.
O nível de confronto a que se envolveu até aqui pode ter colocado em seu caminho obstáculos intransponíveis que a volta poderá não ser a solução.
Mais desafiador para ele será encontrar espaço no novo rumo que está tomando, para tentar viabilizar sua candidatura à Prefeitura de Manaus.
Lá, no arco de apoio do presidente Bolsonaro, já há gente na fila bem à sua frente e, para os militares, antiguidade também é posto.
Nesse sentido, um tropeço futuro se desenha para ele, pois o Aliança pelo Brasil, que ele tenta acelerar coletando assinaturas em Manaus para a fundação da legenda, não deve sair por uma questão simples e lógica: a família Bolsonaro não vai antecipar para 2020 um problema que é 2022.
Foto: BNC AMAZONAS, em 17 de maio de 2019