Por Neuton Corrêa e Rosiene Carvalho , da Redação
O prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), em entrevista exclusiva ao BNC , no primeiro dia útil de 2018, declarou que o ex-presidente e pré-candidato à Presidência da República Luís Inácio Lula da Silva (PT) será “muito influente” nas eleições deste ano.
Para Arthur, o peso e a força política de Lula independem do resultado do julgamento do ex-presidente marcado para o dia 24 de janeiro, que pode levá-lo à prisão e à inelegibilidade, e de o nome do petista constar nas urnas em outubro de 2018.
Com descrédito e candidato sem carisma, Arthur prevê que nova derrota espera o PSDB.
Aos 72 anos e quase 40 de mandatos políticos, Arthur Neto acredita que ele é o mais preparado no ninho tucano para enfrentar o ex-presidente do PT que, não avaliação do prefeito, deve estar próximo dos 40% em intenção de votos. Arthur Neto conta os eleitores declarados e os “envergonhados”.
“Não sei o que a justiça vai entender. Só sei o seguinte: ele será muito influente na eleição e eu, se tiver a sorte de passar nas prévias, eu tenho consciência tranquila de que sei como enfrentá-lo”, afirmou Arthur Neto.
Na entrevista ao BNC de uma hora e meia, Arthur fez balanço de sua gestão, admitiu problemas e apontou o que considera seus acertos, além de traçar perspectivas para as prévias do PSDB e para as Eleições 2018.
Arthur Virgílio fez críticas ao opositor nas prévias tucanas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a quem chamou de “sem carisma” e “estrela”. O prefeito disse considerar estar fazendo um bem ao PSDB e dando um exemplo aos novos políticos ao tentar quebrar a lógica da definições a partir da “patota” paulista.
Amazonino
Arthur voltou a cobrar sutilmente as promessas de campanha feitas pelo governador Amazonino Mendes de “ajuda a Manaus” e disse esperar a primeira reunião com ele para a próxima semana. O tucano, ignorando as sinalizações de que o governador se prepara para disputar a reeleição, declarou que tem um “nome novo” para as Eleições 2018 ao Governo do Estado.
O prefeito também disse que só será candidato, em 2018, se passar nas prévias tucanas.
“Então, é prévias com maioria de votos para mim ou nada. Porque o nada é tudo. É uma Manaus que a gente lança o BRT, uma série de investimentos com parcerias públicos/privadas”, declarou.
A seguir, leia trechos da entrevista:
Talvez a saúde fiscal não seja nem entendida. Parece que é pouco. Os serviços não faltaram por causa disso
Rosiene Carvalho: A falta de recursos financeiros suficientes para garantir serviços básicos, de obrigação do município, prejudica o entendimento da população sobre a saúde fiscal, que a prefeitura aponta como marca da sua gestão?
Arthur Neto: Se não fosse a saúde fiscal, eu não poderia nem fazer obras, as que eu pude fazer, e nem poderia pagar pessoal. Seria o caos.
Rosiene Carvalho: O senhor acha que a população percebe isso quando faltam serviços básicos ?
Arthur Neto: Saúde fiscal é quando você cabe no seu orçamento, reduz o custeio das coisas. Não é fácil… Talvez a saúde fiscal não seja nem entendida. Parece que é pouco. Os serviços não faltaram por causa disso. Poderíamos não ter essa saúde e aí não teria serviço nenhum. Nós poderíamos não ter essa saúde e ter falência, ter quebra da prefeitura. Manaus não quebrou. Os momentos mais angustiantes nós seguramos. Nós seguramos a peteca. Eu diria que Manaus é uma cidade que amadureceu. Foi sofrimento de 30 meses seguidos de queda na arrecadação, sem repasse do Governo Federal. Foram os dois últimos trimestres de 2014, 12 meses de 2015 e 12 meses de 2016.
Neuton Corrêa: Os buracos, em Manaus, poderá ser um problema político para o senhor este ano?
Arthur Neto: É uma coisa interessante. Vão usar e tem que reclamar mesmo. Se tem buraco, tem que reclamar. As pessoas viram o asfalto que colocaram em frente à casa delas. Uma lambida de asfalto, sem drenagem. O grande problema de Manaus é a falta de drenagem. Estamos com um convênio com a Caixa para investir R$ 250 milhões em pontes. Tem mais de cem pontes. Vamos entrar com uma parceria com o Banco do Brasil para fazer drenagem, sarjeta, meio-fio. Temos procurado fazer as vias principais, entramos também às vezes nas outras. Estamos com um novo programa de recapeamento, mas enfrentamos também o inverno.
O ex-governador José Melo – a quem eu desejo muita paz, muita tranquilidade familiar porque sei que passa por um momento difícil. Não desejo mal a ninguém. O governador Melo cometeu um erro muito grave. Por pirraça contra mim, suspendeu a isenção do IPVA e do ICMS sobre o diesel.
Rosiene Carvalho: Quando houve o anúncio do aumento da tarifa, o senhor disse que as empresas iriam adquirir 200 ônibus novos. Os empresários enganaram o senhor?
Arthur Neto: Enganaram. O ex-governador José Melo – a quem eu desejo muita paz, muita tranquilidade familiar porque sei que passa por um momento difícil. Não desejo mal a ninguém. O governador Melo cometeu um erro muito grave. Por pirraça contra mim, suspendeu a isenção do IPVA e do ICMS sobre o diesel. Se o governador Amazonino retomar isso, pode voltar a tarifa para R$ 3,50. Isso seria bom para todo mundo. Mas só o IPVA mexe com menos de cinco centavos.
Eu vou dizer ao governador (Amazonino Mendes) que, se quiser baixar para R$ 3,50, ele pode.
Rosiene Carvalho: Essa aprovação da mensagem do governador sobre o IPVA foi ruim para o senhor por ter criado expectativa de diminuição da tarifa e impactar tão pouco no valor?
Arthur Neto: Muito pouco. Eu vou dizer ao governador que, se quiser baixar para R$ 3,50, ele pode. Agora falando dos empresários, disseram que trariam 300 ônibus novos com porta na esquerda, ar-condicionado e wi-fi . Veio 40 (ônibus) sem porta na esquerda. Eu vou ter uma reunião com eles antes de tirar uns dias para descanso. Vou reunir com Manaus Ambiental. Dizer para ela que não pode ficar furando buraco na rua. Eles tem que consultar a gente antes. Preciso conversar com a Cigás também para organizarmos esta verdadeira bagunça do subsolo de Manaus. Quero reunir todas e dizer: eu, a polícia estamos te impedindo de sair daqui? Não estão satisfeitos, procurem um caminho melhor.
O pessoal do ônibus é impressionante. Sempre estão no prejuízo, nunca tem lucro. Por que ficar perdendo dinheiro em Manaus? (…) n ão deveriam ter prometido ônibus novos para mim. Eu fiz papel de bobo perante a opinião pública.
Rosiene Carvalho: Mas isso é uma coisa que outros ex-prefeitos já ameaçaram também. Precisa judicializar? Ou não tem como, os gestores vão sempre ficar nas mãos dos empresários?
Arthur Neto: Tem que ter a conversa e algumas atitudes. Eles dizem para pessoas perto de mim que se saírem ninguém vem. Não é o caso da Manaus Ambiental. Essa tem em Manaus sua principal fonte de receita. Os ônibus tem convicção que, se saírem, a gente abre licitação e os outros não vêm. Seria assim uma ‘mafiazinha’, né? Eles não pensam que empresários locais podem se interessar. O pessoal do ônibus é impressionante. Sempre estão no prejuízo, nunca tem lucro. Por que ficar perdendo dinheiro em Manaus?
Neuton Corrêa: Continuam reclamando?
Arthur Neto: Não queriam R$ 3,80? Dei no pau. De R$ 3 para R$ 3,80 enfrentando um enorme desgaste na opinião pública e em troca de pontos que não foram cumpridos.
Rosiene Carvalho: Eles têm dívidas, né, prefeito. Dívidas que os impediriam de comprar novos ônibus.
Arthur Neto: Têm dívidas e podem não ter o cadastro muito bom e estariam impedidos de comprar. Então, não deveriam ter prometido ônibus novos para mim. Eu fiz papel de bobo perante a opinião pública.
Se passar nas prévias, sacrifico qualquer coisa na minha vida para fazer o que eu puder pelo País e resgatar as regiões periféricas, a começar pelo Norte, Nordeste, Centro-Oeste
Candidato que não é preparado para debater a Amazônia pode ser tudo, menos presidente da República
Neuton Corrêa: O senhor falou no início do ano passado que ia se aposentar politicamente. Ao contrário disso, me parece, que foi o ano que mais fez política. Se envolveu na eleição suplementar e terminou o ano dando a agenda do PSDB. O senhor resolveu adiar a aposentadoria?
Arthur Neto: Só se eu conseguir vencer as prévias. A nossa região é vista como uma região subalterna. Eu quero levá-la ao debate nacional e quero ver se há candidatos preparados para debater a Amazônia. E candidato que não é preparado para debater a Amazônia pode ser tudo, menos presidente da República. É uma das regiões mais estratégicas do mundo, o mundo reconhece isso e nós brasileiros, até os candidatos a presidentes da República, não reconhecem isso. Então, se passar nas prévias, sacrifico qualquer coisa na minha vida para fazer o que eu puder pelo País e resgatar as regiões periféricas, a começar pelo Norte, Nordeste, Centro-Oeste.
Rosiene Carvalho: O senhor sentiu preconceito no PSDB por ser do Norte?
Arthur Neto : Senti. E olha que eu fui preparado para isso. Meu pai me dizia: chegue no parlamento, procure falar, mostre seu cartão de visita para as pessoas. Mostre que você foi para ser um deputado de primeira classe e vá com tudo. Meus companheiros de partido, sobretudo os de São Paulo, acham que eu fui bom para ser ministro, líder de Governo, vice-líder, prefeito de Manaus – e eles não têm nada a ver com isso, ganhei duas vezes aqui sem a ajuda deles. Mas lá, lá eles deixaram eu ser tudo. Mas não posso ser candidato a presidente da República. Presidente tem que ser o Alckimin que não decola nas pesquisas, podia ser o Serra, o Aécio, que causou toda essa decepção e quase levou.
O partido, se não fizer uma prévia séria, desparece. Temos que devolver o crédito ao partido, o respeito. E só retoma esse respeito fazendo uma catarse na frente do povo.
Na convenção levei uma vaia gostosa da charanga (…) Aí, ele (Geraldo Alckmin) saiu feito estrela né? Tipo a Madona dos bons tempos. E eu saí de lá pelo meio do pessoal e a charanga foi tirar fotos comigo.
Rosiene Carvalho: Com qual ala do PSDB o senhor dialoga, qual ala lhe apoia nesta sua tentativa de ser o candidato tucano à presidência da República?
Arthur Neto: Tenho muito amigos que me estimulam muito. Tasso Jeireissati ( senador pelo PSDB-CE) que é um amigo bom, amigo correto. O Teotônio Vilela Filho (ex-governador do PSDB-DF). Eu não procurei eles para pedir votos. Eu pedi a lista dos votantes. Para eu falar diretamente com os eleitores porque a nossa prévia tem que ser universal. Uma prévia que bote para falar os mudos. Os militantes que são usados para balançar bandeira. O partido, se não fizer uma prévia séria, desparece. Temos que devolver o crédito ao partido, o respeito. E só retoma esse respeito fazendo uma catarse na frente do povo. Nossa, a convenção foi uma coisa impressionante: 1.500 pessoas, um partido do nosso tamanho. Só de prefeito tem 800. Uma convenção fraca e chocha. O mais animado foi quando eu comecei a falar e disse que ia derrotar o governador Geraldo Alckmin. A charanga começou a me vaiar. E foi uma vaia gostosa, porque eu disse que ia calar a vaia e a vaia calou. Aí, ele (Geraldo Alckmin) saiu feito estrela né? Tipo a Madona dos bons tempos. E eu saí de lá pelo meio do pessoal e a charanga foi tirar fotos comigo.
Rosiene Carvalho: O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, deu nova entrevista, desta vez ao Estado de São Paulo, falando da eleição à Presidência da República, e, mais um vez, ignora o seu nome…
Arthur Neto: Para mim, Fernando Henrique é um dos maiores estadistas que a República já teve. Tivemos Campos Sales, que consertou as finanças do Brasil e Getúlio Vargas também. Mas ele não é muito bom de definição. Uma vez ele me disse que Alckmin não tinha carisma. Vou falar com muita franqueza aqui. A gente tem tudo para assumir essa posição de centro, as minhas posições sobre o liberalismo econômico, liberdade política. A gente percebe que quando puxa para um lado mais à direita ou à esquerda, vira ditadura, para o autoritarismo e tudo mais. A barreira que eu enfrento não é a de fora. Eu não sou da panelinha. Não sei de fofoca nenhuma deles lá, não gosto dessa história. Como não sou da panela, seria muito incômodo…
Eu não duvido que estou dando um exemplo. E, se eu for, vou disputar com chances reais. O candidato preferido da cúpula não ganha a eleição. Todo mundo sabe disso. Não sou da patota e nem quero entrar na patota. Eu quero derrotar a patota.
Rosiene Carvalho: O senhor acha que há receio de, com as prévias, fragilizar o candidato que o PSDB quer lançar?
Arthur Neto: E se eu derroto ele (Alckmin)? Vai complicar. Muita gente lá vai fazer, nas barbas deles, o “Movimento Arthur 45 SP 2018”. Rio de Janeiro a mesma coisa. Duvido que ele me vencesse numa eleição popular no Rio de Janeiro. Outro dia falei para um senador do Pará que estava todo Geraldo Alckmin. Eu falei: “Rapaz, cria vergonha. Você é do Pará”. Para resumir, sou amigo do ex-presidente Fernando Henrique, mas não sou da patota. Digamos que eu não consiga passar nas prévias, duvido que amanhã um jovem governador, um talentoso não venha para a disputa e com muita chance. Eu não duvido que estou dando um exemplo. E, se eu for, vou disputar com chances reais. O candidato preferido da cúpula não ganha a eleição. Todo mundo sabe disso. Não sou da patota e nem quero entrar na patota. Eu quero derrotar a patota.
Se eu passo nas prévias eu adio meus planos de deixar a política, se eu não passo, esse meu mandato é o último.
Neuton Corrêa: Liderando um processo de eleição, como seria a sua chapa na configuração do Amazonas?
Arthur Neto: Misturando o plano estadual nosso com o plano nacional, eu faço uma declaração antes: se eu passo nas prévias eu adio meus planos de deixar a política, se eu não passo, esse meu mandato é o último. Fecho, se Deus quiser, esse mandato com chave de ouro.
Rosiene Carvalho: O senhor não concorre nesta eleição se não passar nas prévias?
Arthur Neto: Não.
Neuton Corrêa: Nem a senador?
Arthur Neto: Não. (Também) não venho a governador.
Vou ajudar, como ajudei, levei qualquer quatro ou seis votos para o governador Amazonino, que certamente agora vai se engajar no trabalho de Manaus ao meu lado. Esse é o compromisso dele.
Rosiene Carvalho: O senhor não vai mudar de ideia depois, como ocorreu agora?
Arthur Neto: Não (risos). Eu vou enfrentar, sim. Vou ajudar, como ajudei, levei qualquer quatro ou seis votos para o governador Amazonino, que certamente agora vai se engajar no trabalho de Manaus ao meu lado. Esse é o compromisso dele. Eu sei que ele honra seus compromissos. Mas pretendo influenciar fortemente com o que eu tiver de prestígio. Me sinto muito bem não sendo eu o protagonista. Então, é prévias com maioria de votos para mim ou nada. Porque o nada é tudo. É uma Manaus que a gente lança o BRT, uma série de investimentos com parcerias públicos/privadas. Deixaria com maior confiança nas mãos do Marcos.
Neuton Corrêa: Mesmo sem vencer nas prévias, a sua participação ajuda a mudar agenda da disputa para presidente da República?
Arthur Neto: Se eu for presidente, o norte vai ser olhado. Mas se eu não for, o norte vai ser olhado também. Qualquer um dos candidatos que vier aqui, a prefeitura estará aberta.
Neuton Corrêa: O senhor receberia o Lula?
Arthur Neto: Recebo. Para fazer ele reafirmar os compromissos que tem com Manaus, com o Amazonas. Recebo a todos, sem exceção. Recebo até o Bolsonaro (risos).
Ele (Lula) é um forte candidato. Digo mais: ele deve estar perto de seus 40% porque tem os que têm vergonha de dizer que votam nele (…) Ele será muito influente na eleição e eu, se tiver a sorte de passar nas prévias, eu tenho consciência tranquila de que sei como enfrentá-lo.
Neuton Corrêa: Qual a sua opinião sobre o julgamento dele?
Arthur Neto: Esse julgamento poderá dar na condenação. Se dá na prisão ou invalidação da candidatura dele, eu não sei. Só sei que ele é um forte candidato. Digo mais: ele deve estar perto de seus 40% porque tem os que têm vergonha de dizer que votam nele. Para mim, ele fez um governo que no conjunto da obra se revelou desastroso porque organizou a corrupção com o projeto de poder. Ela era avulsa e passou a ser orgânica. Mas não sei o que a justiça vai entender. Só sei o seguinte: ele será muito influente na eleição e eu, se tiver a sorte de passar nas prévias, eu tenho consciência tranquila de que sei como enfrentá-lo.
Rosiene Carvalho: Prefeito, nas prévias, tudo pode aparecer na hora da discussão. A visibilidade que o senhor alcançou já chamou atenção da imprensa nacional para notícias negativas da sua gestão como a nomeação da sua esposa, do seu filho na prefeitura. Isso lhe constrange? O senhor teme que outras questões negativas ganhem espaço na mídia nacional e abalem a sua imagem?
Arthur Neto: Não. Olha só. Minha esposa é uma arquiteta, pós-graduada. Antes de me conhecer já frequentava essas instituições de apoio a questão da criança, do idoso. Com dinheiro dela, comprava coisas e levava. Sempre teve essa militância. Por isso, é presidente do Fundo Manaus Solidária. Meu filho está numa pasta que é basicamente política. Esses cargos de primeiro escalão foram sempre considerados cargos que não estavam nessa linha de nepotismo, que é uma coisa ruim para o cargo. Quando questionaram a nomeação da minha esposa, não era se eu tinha direito ou não de nomear, mas se ela tinha aptidão para o cargo. Um é 20 anos parlamentar. Já vi tantas outras pessoas serem nomeadas e não ter isso. Poxa…
Eu acho que a política está precisando de gente que saia da campanha devendo e não de gente que tenha dinheiro demais.
Rosiene Carvalho: O senhor não teme que algumas outras coisas ainda surjam no plano nacional?
Arthur Neto: Não. Pode vir. Outro dia fui acusado de dever na campanha. Poxa, estou pagando com muita dificuldade. Eu preciso dos 10% da doação do salário bruto de uma pessoa que queira ajudar que eu pague as minhas dívidas. Eu acho que a política está precisando de gente que saia da campanha devendo e não de gente que tenha dinheiro demais. Eu não tenho nada a esconder, estou prontinho. Acho que o debate deve ser duro e sóbrio como foi o da Hillary Clinton e do Obama. Não foi baixo, porque senão a Hillary não tinha apoiado o Obama. O apoio dela e do Clinton foi fundamental para vencer a eleição e o carisma do Obama. Ele tem mesmo. Ele só perde para o Geraldo Alckmin (risos).
Eu só lamento tudo que aconteceu e tudo que está acontecendo. Porque tumultua, não vende uma imagem boa. Esse quadro de corrupção não ajuda a trazer turistas para cá.
Rosiene Carvalho: Qual a sua avaliação do atual quadro político do Amazonas, com um ex-governador preso, ex-secretários de Estado presos – um deles participou da sua gestão na Prefeitura de Manaus – e outros calados, silenciosos, temendo aí futuras operações?
Arthur Neto: O quadro é muito triste. Muito triste mesmo. O assunto é saúde. Saúde diretamente choca muito. O Evandro Melo foi meu secretário duas vezes. No primeiro governo, um excelente secretário e no início deste segundo governo. Saiu para trabalhar com o irmão (José Melo). E mais, como eu gosto e fazer as coisas com muita transparência, o Wilson Alecrim foi meu secretário de Saúde e de Educação, no meu primeiro governo. Lá atrás. Era um dos grandes sanitaristas e líderes dos médicos, grande líder da universidade. Chegou a ser candidato a governador do Estado. Eu só lamento tudo que aconteceu e tudo que está acontecendo. Porque tumultua, não vende uma imagem boa. Esse quadro de corrupção não ajuda a trazer turistas para cá.
Rosiene Carvalho: O quadro político se renova este ano com esta situação?
Arthur Neto: Eu acredito que sim, que haverá renovação. Tem gente boa que pode entrar. Tem um nome que eu tenho. Não falei com ele, por isso não posso falar. Um nome que me dá coceira. Ele é primeiro turno. Eu aposto. Agora, é saber se vai topar dar quatro anos da sua vida para isso.
Neuton Corrêa: Quando vai sair esse encontro com Amazonino Mendes. Está agendado?
Arthur Neto: Vou ligar para ele. Se Deus quiser e ele estiver disponível, antes do descansinho que vou ter antes da trabalheira que me espera. Semana que vem.