Em reunião na Embaixada Brasileira em Madri, na Espanha, nesta segunda-feira, dia 9, o governador Wilson Lima (PSC) ouviu do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que o posicionamento do governo brasileiro em relação às compensações ao Amazonas pela proteção da floresta está mantido.
O encontro fez parte da agenda que o governador cumpre até quarta-feira, dia 12, na COP-25, a Cúpula Mundial do Clima.
Wilson destacou que a mudança de posicionamento do governo brasileiro é histórica, contrária aos mecanismos de offset, que é uma política de compensação de mercado de carbono, permitindo transações robustas de crédito de carbono.
“Em linhas gerais, estados que conservam a floresta, que mantém esse carbono fixado, que a floresta é um grande captador desse carbono, passam a ter um mecanismo de financiamento muito mais robusto, em relação a isso, o que é muito bom para o estado do Amazonas”, afirmou o governador.
“Foi bem importante, pode-se dizer que a gente está diante de uma posição histórica do governo brasileiro, em especial os mecanismos de financiamento por meio do REDD, que são as emissões evitadas. Tradicionalmente o Brasil era contrário a essa posição, em especial o offset, que é a troca, o mercado desses créditos; e isso traz um mercado potencial para os estados da Amazônia, em especial o governo do Amazonas muito promissor, por um futuro”, afirmou Eduardo Taveira, secretário de Meio Ambiente do Amazonas.
R$ 10 milhões de euros
A reunião na embaixada contou ainda com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, governador do Acre, Gladson Cameli e de deputados federais.
No último dia 3, o Itamaraty autorizou o governo do Amazonas a captar recursos diretamente com o governo da Alemanha para a implementação do programa REDD+ Pioneiros Amazonas (no inglês, REDD Early Movers – REM Amazonas), que visa recompensar financeiramente o Estado por manter a floresta conservada.
A abordagem inovadora de financiamento tem alta visibilidade internacional e poderá render ao Amazonas, inicialmente, uma captação de 10 milhões de euros junto ao banco alemão KfW.
Homem da floresta
Wilson, atual presidente da Reunião Anual da Força-Tarefa Mundial de Governadores para Climas e Florestas (GCF Task Force – sigla em inglês), também se reunir com financiadores, pesquisadores, ambientalistas e autoridades nacionais e internacionais.
O governador apresentou as estratégias do Amazonas para promover o desenvolvimento sustentável e convidou os participantes para evento que será realizado em maio de 2020, em Manaus, com a participação de 38 governadores de estados e províncias de 10 países que possuem área florestal.
“É preciso levar em consideração o homem que está ali na floresta. E ninguém tem mais expertise e interesse do que esse homem que está lá, que está vivendo e está sentindo a realidade do que é a Amazônia, sobretudo o Norte do Brasil, onde se tem dificuldade de ter acesso a serviços básicos. A floresta se mantém em pé por uma lógica econômica. E muitas vezes a relação da proteção da floresta e do cidadão está muito relacionada com a questão de sobrevivência”, avaliou Wilson Lima.
GCF
O Fórum Global dos Governadores para Climas e Floresta reúne governadores de países que possuem áreas de floresta. O Amazonas foi escolhido como sede do evento por unanimidade, durante a última reunião do fórum, realizada em Caquetá, na Colômbia, em maio deste ano.
“Há uma grande preocupação nossa na formatação do Fórum de Governadores que vai acontecer no Amazonas. Nesse Fórum nós estamos buscando mostrar atividades que são práticas e palpáveis para governadores; e exemplos do que nós estamos fazendo em alguns estados da Amazônia”, antecipou o governador Wilson Lima.
Além do Brasil, entre os países que participam do Fórum estão Colômbia, Costa do Marfim, Equador, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, México, Nigéria e Peru. Ele foi criado em 2008 para cooperação em inúmeros assuntos relacionados à política climática, financiamento, troca de tecnologias e pesquisa.
*Com foto e informações da Secom