Ministro da Saúde desdenha da máscara no dia de 600 mil mortos da covid

A posição do ministro contraria o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)

Ministro da Saúde desdenha da máscara no dia de 600 mil mortos da covid

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 09/10/2021 às 09:57 | Atualizado em: 09/10/2021 às 09:57

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, desdenhou da máscara, no dia de ontem (8), quando o Brasil registrou 600 mil mortos da covid-19.

Ou seja, disse a jornalistas que é “absolutamente contrário” a leis que obrigam o uso da máscara e a exigência do “passaporte” de vacinação.

Segundo Queiroga, o governo federal defende primeiro dignidade da pessoa humana, a vida, a liberdade. Como informa o G1.

“Eu acho que uma lei para obrigar qualquer coisa é um absurdo, porque não funciona. Temos que fazer as pessoas aderirem às recomendações sanitárias”, disse.

Contudo, a posição do ministro contraria o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Dessa forma, o Conass divulgou uma nota também nesta sexta-feira defendendo a manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras no Brasil.

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Afrouxamento

No documento, o órgão ressalta que o afrouxamento de medidas de controle está diretamente relacionado ao aumento do número de casos de coronavírus, como ocorreu em outros países.

Nesse sentido, especialistas alertam que a pandemia não acabou e que a situação não está tão controlada no Brasil.

“Por mais que o percentual da população brasileira vacinada seja alto, os números que apresentavam uma queda pararam de cair e estão em fase de estabilização”, afirmou Pedro Hallal, epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas ao G1.

Mas, Queiroga afirmou ainda que “ficam criando cortina de fumaça” e que a obrigatoriedade da máscara e do passaporte servem para “dividir a sociedade brasileira”.

“Precisamos de união contra o inimigo, o vírus. Falam em passaporte disso, passaporte daquilo… Meus amigos, a sociedade em breve estará toda vacinada. Todos terão passaporte”, declarou.

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Especialistas

Rosânia Maria de Araújo, médica infectologista, avaliou que diversos pontos ainda fazem com que o uso do equipamento de proteção seja fundamental no país.

“As leis variam conforme cada município, o Brasil é muito diverso, então as normativas podem ser flexibilizadas… temos que manter a cautela, ainda é necessário o uso de máscaras”, declarou.

O professor e médico infectologista Carlos Henrique Nery disse não entender o porquê das atitudes contra o uso de máscara.

“Máscara é fundamental, altamente eficaz e nem sei qual seria o interesse de se relaxar o uso delas, se não incomoda a ninguém, se é usada apenas em ambientes fechados ou de riscos. O que tem demais, se é tão eficaz?”, questionou o médico.

Por outro lado, os EUA são um exemplo de decisões erradas sobre o uso de máscaras. O país chegou a liberar, mas depois recuou e determinou que todos, até os que já estão vacinados, voltem a usar máscaras em ambientes fechados nas regiões com alta transmissão de covid.

Leia mais no G1.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado